A verdade é que todos nessa vida procuram o seu próprio final feliz, seja ele ter o emprego dos sonhos, a casa perfeita, uma família grande ou qualquer outra coisa que nos traga a felicidade. Para Ravi e Cadu essas metas já foram alcançadas, os dois...
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08/03/2019, 11:21
Av. Telles, Rio de Janeiro – RJ
Já faz algumas semanas que eu ignoro as ligações insistentes, as batidas na minha porta e até as emboscadas no elevador. Cadu parece determinado a me fazer conversar com ele sobre o que aconteceu, pensei que a essa altura já teria entendido que eu preciso de um espaço para colocar a cabeça no lugar, mas o homem não desiste nunca. A tentação de ceder à pressão e me jogar em seus braços é grande, mas minha mente insiste que ainda não é hora.
Só que a cada encontro que temos de resistir se torna mais difícil, e isso ficou bem claro que nos esbarramos da última vez no elevador. Eu estava cheio de sacolas de compras, chegando cansado do mercado e só pensava em subir para casa para descansar quando o avistei correndo pelo hall de entrada do prédio. Ele pedia para que alguém segurasse a porta do elevador, por um instante eu torci para não dar tempo, mas outra moradora segurou a porta e ele conseguiu nos alcançar, ainda que cansado e respirando descompassadamente. Nosso olhares se cruzaram por uma fração de segundo e ele parecia implorar por uma resposta minha, por sorte não estávamos sozinhos ali.
Subimos os três em silêncio até a porta se abrir no andar da vizinha, ela fez um breve aceno com a cabeça e nos deixou sozinhos no cubículo de metal. Assim que a porta se fechou meu corpo ficou tenso, tentei ficar mais próximo da porta, mas antes que eu pudesse me esgueirar até lá fui impedido de passar pelo seu braço estendido na minha frente me encurralando em um dos cantos.
Seu rosto está tão perto do meu que posso ver os pelos loiros do seu pescoço eriçados e sentir o aroma do seu hálito fresco enquanto sua baco está semiaberta. Os lábios umedecidos parecem me atrair, eu queria sentir o seu gosto outra vez.
Mas outra vez eu fui forte.
— Até quando você vai continuar fugindo de mim?! — perguntou com seu charme costumeiro.
— Até quando eu achar que devo. — respondi dando de ombros.
— Por favor, Ravi. Eu não aguento mais ficar longe de você. — Ele suplicou. — Não podemos jogar tudo fora por conta de uma idiotice.
— Idiotice? — perguntei totalmente contrariado. — Você acha que as acusações sobre o Pedro são idiotas? Pelo jeito, sua opinião continua a mesma, então não temos o que conversar. — Eu disse, desviando do seu bloqueio no mesmo momento em que a porta se abriu no nosso andar. Ele tentou me acompanhar, mas não lhe dei oportunidade batendo a porta e ignorando seu chamado.
Se ele consegue me balançar ao seu favor, também consegue me afastar na mesma intensidade.
09/03/2019, 21:01
Av. Telles, Rio de Janeiro – RJ
601A
Eu estava tão desmotivado com tudo a minha volta, que em pleno sábado à noite eu já estava de pijama pronto para dormir, quando a campainha tocou. Pensei por alguns instantes se deveria atender ou apenas ignorar o visitante indesejado, mas o horário me fez pensar que poderia ser alguma urgência. Então me arrastei pela casa até a porta e abri de abrupto, sem estar preparado para a surpresa com quem me esperava do outro lado.
