Capítulo 18 - Palavras de Amor

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03/11/2018, 12:01

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03/11/2018, 12:01

Litoral – RJ


O mar revolto do dia anterior agora parece bem mais calmo e permite com que Ravi leve as crianças mais para perto das ondas. Eu os observo brincando com a areia da praia e molhando os pés na água salgada. As crianças parecem bem animadas com a primeira viagem para praia e ainda assim Ravi consegue controlar todos os três, o que é de verdade uma grande mudança para ele que até pouco tempo não sabia nem segurar eles no colo.

E eu não conseguia deixar de me sentir orgulhoso com a sua evolução.

Por vezes eu achei que ele fosse desistir de tudo e simplesmente surtar, porque por mais que as pessoas romantizem a criação de filhos pode ser enlouquecedora. É preciso estar com saúde mental em dia para aguentar as dificuldades que é cuidar de uma criança. Mas ele tem sido uma grata surpresa, o homem descobriu que nasceu para ser pai.

Nós tínhamos criado uma relação diferente, uma amizade estranha e até um pouco disfuncional. Duas pessoas quebradas que se encontraram na pior dor da vida e que agora dividem os momentos. E foi algo natural, que apenas aconteceu e nenhum dos dois pode prever.

Mas desde que chegamos ao litoral tenho tido uma sensação estranha de que algo o está incomodando. Sinto seu olhar fugindo do meu, como se tivesse algo para me contar, mas não tivesse coragem para dizer. Talvez fosse só maluquice da minha cabeça, mas os últimos meses foram tão intensos que acho que já o conheço o suficiente para saber o que está se passando naquela cabeça.

— Tá na hora de voltar pra casa, as crianças precisam comer. — gritei para eles, que voltaram depressa.

— Depois do almoço vai ter sorvete, não é Diogo?! — ele disse animado para meu filho.

— SIM. — o menino respondeu aos berros.

— Então ajudem a recolher os brinquedos. — disse aos dois.

Recolhemos tudo que tínhamos levado para praia e caminhamos em direção a nossa hospedagem. Na curta caminhada seguimos em silêncio, o que não é comum já Ravi costuma falar pelos cotovelos, e foi por isso que decidi que não deixaria a oportunidade passar. Assim que chegamos em casa deixamos os meninos na sala e antes que ele pudesse fugir novamente eu puxei para um canto.

— Pronto, agora fala o que está acontecendo. — disse sem dar chances para escapar.

— Não sei do que está falando. — disse tentando se esquivar.

— Ravi, eu sei que tem algo te incomodando. Se eu fiz alguma coisa que te desagradou, me perdoa. Se eu tomei alguma liberdade...

— Você não fez nada, Cadu. — ele respondeu com firmeza.

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