01/03/2018, 14:23
Av. Telles, Rio de Janeiro – RJ
Edifício Otavio Cortês – 601 B
Fria. Gelada. Congelada.
É assim que minha relação com o Pedro está nos últimos tempos, a crise por conta da sua irmã e do seu sobrinho tem se mostrado muito mais duradoura do que eu poderia ter imaginado. Pedro tem me evitado o tempo todo, o único momento em que dividimos o mesmo espaço é quando nos deitamos na cama para dormir, mas até nesses momentos ele parece distante. Trocamos poucas palavras em apenas conversas irrelevantes e toda vez que tento falar sobre o que está acontecendo sou ignorado.
As frustrações por não achar os dois estão sendo descontadas em mim, e de certa forma eu sei que mereço. Eu sei perfeitamente que não fui o melhor dos cunhados e poderia ter lidado de forma mais inteligente com toda aquela situação, mas ele também não está me dando a oportunidade de mostrar que me arrependi de tudo que disse.
O som da TV continuava zumbindo ao fundo enquanto Mari discursa sobre a nova coleção da Gucci, que de acordo com ela é imperdível. Eu apenas observo os modelos passarem pela passarela com estampas exóticas, não que não tenha interesse em moda, mas minha paciência para essas frivolidades é pouca nesse momento.
— Eu preciso dessa bolsa agora mesmo. — ela disse animada. — Estou pronta pra pegar um voo agora mesmo e ir atrás dela...
— Vou sair, volto a noite. — Pedro disse rapidamente, passando pela sala sem me dar a chance de perguntar qualquer coisa.
— Pedro... — tentei chamar, mas a porta já tinha batido e ele já sumiu de vista.
— Vocês ainda estão nessa?! Pensei que já tinham superado esse drama. — Mari disse com um olhar curioso.
— Eu estou tentando resolver as coisas, mas ele ainda está bem chateado. — falei em tom de desabafo.
— Pelo menos tem algo positivo nisso, seus textos estão muito melhores. — ela disse com uma sombra de sorriso nos lábios. — A editora nem mandou voltar como os primeiros capítulos.
— Idiota. — resmunguei, mas eu não podia negar que realmente estava escrevendo bem melhor nos últimos tempos. A teoria de que minha vida precisa estar uma bagunça para que eu consiga ter alguma inspiração cada vez parece mais plausível.
— Eu vou resolver isso. — digo decidido. — Só não sei como ainda.
— Acho que você pode esperar um pouquinho. Até acabar o livro. — ela diz tentando fazer piada com a minha desgraça.
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Desastres em Comum
RomantizmA verdade é que todos nessa vida procuram o seu próprio final feliz, seja ele ter o emprego dos sonhos, a casa perfeita, uma família grande ou qualquer outra coisa que nos traga a felicidade. Para Ravi e Cadu essas metas já foram alcançadas, os dois...