Capítulo 07 - Amor em declínio

119 30 10
                                    



Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



01/03/2018, 14:23

Av. Telles, Rio de Janeiro – RJ

Edifício Otavio Cortês – 601 B


Fria. Gelada. Congelada.

É assim que minha relação com o Pedro está nos últimos tempos, a crise por conta da sua irmã e do seu sobrinho tem se mostrado muito mais duradoura do que eu poderia ter imaginado. Pedro tem me evitado o tempo todo, o único momento em que dividimos o mesmo espaço é quando nos deitamos na cama para dormir, mas até nesses momentos ele parece distante. Trocamos poucas palavras em apenas conversas irrelevantes e toda vez que tento falar sobre o que está acontecendo sou ignorado.

As frustrações por não achar os dois estão sendo descontadas em mim, e de certa forma eu sei que mereço. Eu sei perfeitamente que não fui o melhor dos cunhados e poderia ter lidado de forma mais inteligente com toda aquela situação, mas ele também não está me dando a oportunidade de mostrar que me arrependi de tudo que disse.

O som da TV continuava zumbindo ao fundo enquanto Mari discursa sobre a nova coleção da Gucci, que de acordo com ela é imperdível. Eu apenas observo os modelos passarem pela passarela com estampas exóticas, não que não tenha interesse em moda, mas minha paciência para essas frivolidades é pouca nesse momento.

— Eu preciso dessa bolsa agora mesmo. — ela disse animada. — Estou pronta pra pegar um voo agora mesmo e ir atrás dela...

— Vou sair, volto a noite. — Pedro disse rapidamente, passando pela sala sem me dar a chance de perguntar qualquer coisa.

— Pedro... — tentei chamar, mas a porta já tinha batido e ele já sumiu de vista.

— Vocês ainda estão nessa?! Pensei que já tinham superado esse drama. — Mari disse com um olhar curioso.

— Eu estou tentando resolver as coisas, mas ele ainda está bem chateado. — falei em tom de desabafo.

— Pelo menos tem algo positivo nisso, seus textos estão muito melhores. — ela disse com uma sombra de sorriso nos lábios. — A editora nem mandou voltar como os primeiros capítulos.

— Idiota. — resmunguei, mas eu não podia negar que realmente estava escrevendo bem melhor nos últimos tempos. A teoria de que minha vida precisa estar uma bagunça para que eu consiga ter alguma inspiração cada vez parece mais plausível.

— Eu vou resolver isso. — digo decidido. — Só não sei como ainda.

— Acho que você pode esperar um pouquinho. Até acabar o livro. — ela diz tentando fazer piada com a minha desgraça.

Desastres em ComumOnde histórias criam vida. Descubra agora