Steel of time

Dor

Um clarão ofusca a visão de todos. A espessa fumaça dificulta a respiração. A surdez momentânea vem logo em seguida. Somente o silêncio e a completa desorientação restaram a todos.

Eu consegui

Em meio a névoa o homem responsável pelo caos, agora completamente desfigurado, se levanta vitorioso.

— Abaixo a monarquia, viva a revolução! — ele grita ainda desnorteado. — Gritem comigo, nós podemos vencer!

A euforia enche seus pulmões. Foram longos cinco anos esperando essa oportunidade. Tem certeza de ter matado pelo menos a herdeira dos César. Ela foi burra o suficiente para vir até aqui sem nenhum segurança, ela esperava ser recebida de braços abertos pelo jeito. O homem então gargalha pela ironia, pois ambos dos seus braços foram usados como munição. O que resta agora é somente sangue e ossos quebrados. Mas valeu a pena mesmo ela não sendo uma rainha ou fazer parte da casta mais alta.

Afinal se precisa apenas de uma faísca para se fazer um incêndio

Como sua habilidade o permite realizar poderosas explosões utilizando membros do próprio corpo, foi por muito tempo julgado como apenas mais um louco masoquista. Mas finalmente cumpriu seu propósito no mundo.

Pode morrer sem culpa

— Se animem e...

Um tentáculo formado de sombras o agarra antes de sequer iniciar o discurso, é pressionado com tanta força que sente os ossos estralarem.

— Merda...

Já esperava que o irmão ficasse vivo, porém nunca o imaginou sair completamente ileso. Ele deve tá irritado o suficiente para me matar agora mesmo, mas se ele vacilar eu vou mostrar uma boa explosão para ele.

Vai eu e esse inútil pra vala

Em meio a todo esse caos, está uma jovem garota. Assustada, paralisada, trêmula, destruída. Camila, a única a perceber o vermelho tomar conta do chão lentamente. Diante de seus olhos púrpuros Theo desfalece, sem qualquer vida nos seus dourados olhos.

Eu não fiz nada

Nada

Deixa algumas lágrimas escaparem. Foi tudo muito rápido. Quando deu por si Theo já estava no chão, vítima da explosão.

Espera

Ele estava aqui do meu lado, me confortando. Falando que tudo iria ficar bem. Éramos nós dois desafiando esses nobres.

Juntos

O choque faz com que os sentidos e as memórias se embaralhassem.

Não, não, não

Sua mente viaja em lembranças almejando se livrar do amargor da culpa. Recorda-se de quando Theo e Emílio faziam companhia em dias de tempestade.

Mas ainda sente medo

Independente do que tente imaginar, a dor não vai embora. A imagem de seu irmão ensanguentado no chão foi queimada em sua mente.

Os fatos não mudarão

— A culpa é de vocês — o vapor que saí de Camila se torna mais denso.

Se não fosse eles, tudo estaria bem. Seria mais um dia cotidiano, mais um dia sem nada demais acontecendo. Aulas monótonas onde apenas o Theo se interessaria, a noite iriamos jantar junto com a nossa mãe e na manhã seguinte tudo de novo.

Mas no momento que eles pisaram aqui destruíram tudo

— Playboys de merda.

A dor das faixas expandindo e retraindo por todo seu corpo se torna irrelevante diante do ódio que reside em seu peito.