Sua presença é notória. A altura, o traje e a voz rouca, além da imponência notória. Muitos iriam tremer de medo e se curvariam pela pressão no ambiente.
— Boa noite, diretor — Theo o cumprimenta com um sorriso sem brilho.
Todos, menos quem o conhece.
— Não me parece muito bem, meu jovem — ele diz preocupado.
— Não é nada — odeia preocupar os outros. — Só... muita coisa aconteceu de repente, eu... eu não sei o que fazer
— Eu sinto... muito por não conseguir vir antes, há muito a se fazer... após aquele atentado... na escola — as tosses intercalam as palavras. — Eu estava muito ocupado para vir antes, mas saiba que pode me chamar quando precisar de ajuda.
Ele toca o ombro de Theo, que retribui com um leve sorriso.
— Só não exija nada muito físico, esses meus ossos já não estão bons a várias décadas — ele tenta dar um pulinho.
Falha miseravelmente quase caindo no chão.
— É melhor não se esforçar muito — Theo o salva da queda por pouco. — Você sabe que quando velho cai não levanta mais.
Finalmente um sorriso sincero dominou o rosto do jovem. Leonardo se recorda quando era mais jovem se perguntando quando perdeu essa expressão inocente.
— Antes que me esqueça — dentro do seu manto ele retira um pequeno cordão metálico com um círculo em sua extremidade. — Fique com isso.
— Um... relógio de... bolso? — indaga o jovem.
— Eu deveria ter entregue isso mais cedo — com cautela, Theo pega o objeto.
Theo vê o pequeno objeto e o analisa cuidadosamente, há algo extremamente familiar nele. A concha metálica que o envolve está amassada e bem desgastada. O relógio redondo cabe facilmente na palma da mão e tem os ponteiros estáticos. Há um desenho de uma âncora atrás dos porteiros.
— Isso era do seu avô — o garoto paralisa. — Ele me entregou algumas décadas atrás e já estou velho demais para guardar isso comigo, além de achar mais justo você o herdar.
— Mas ele te presenteou com o relógio, nã... não posso aceitar.
— Tenho certeza que ele seria a favor —um tom de nostalgia embarga sua voz. — Ele era generoso ao ponto de me presentear com algo tão valioso.
Leonardo, o diretor, abaixa a guarda enquanto se recorda do passado.
— Deveria ser ele aqui te entregando o relógio, não eu — o rosto, já muito envelhecido, conta com inúmeras cicatrizes e a falta do olho esquerdo. — Marcelo foi um dos poucos homens que eu respeitei.
Com o relógio em mãos, Theo finalmente entende o peso e a familiaridade que sentiu do objeto. Era do seu avô, talvez a décadas não funcione. Leonardo deve conhecer um lado do seu avô que nunca teve oportunidade de testemunhar.
— Tenho grandes expectativas para seu futuro, garoto — Ele tosse ao ponto de se desequilibrar. — Ainda mais depois do que fez na escola, você salvou uma vida. Ele estaria orgulhoso.
— O-obrigado — Theo o ajuda a se sentar em um banco próximo. — Mas como você conheceu meu avô?
Leonardo observa os olhos do jovem ansiando por uma resposta. Não há motivo para fazer suspense.
— Fomos colegas de trabalho, por um tempo éramos responsáveis por consertar os equipamentos dos mais necessitados — o único olho azul do diretor brilha nostálgico. — Mas não era do meu feitio me acomodar, então trabalhei duro para fazer meu sonho se tornar realidade. Então nos distanciamos pouco a pouco.
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Steel of time
General FictionIrbsal é separada por um muro. A nobreza e a plebe. Água e óleo. O Paraíso e o Inferno. O ciclo infinito de retaliação de ambas as partes parece não ter fim. Há somente duas formas de acabar com a dor de todo um povo, pela espada ou pelo coração. O...