Se passou uma semana desde que Leonardo, o diretor da escola, começou a recrutar os alunos para a iniciativa Paradiso. Talvez até faça mais dias desde que começou, já perdeu a noção do tempo. Fez questão de ir pessoalmente para convocar cada um deles. Theo e Camila estavam em um hospital do Paraíso, não muito longe de Jorge e Heike que foram obrigados a ficarem perto dos dois plebeus. Kizi, Emílio e Iaceê foram mais difíceis de se achar, mas nada que um bom par de olhos não conseguiria fazer.
Não sei o que faria sem Maria
Minha cabeça dói assim como cada junta do meu corpo. Os remédios já não são mais o suficiente, minhas cicatrizes estão cada dia mais profundas.
Só mais um pouco
Sei que já estou muito distante do meu auge físico e mental, porém não consigo não ficar animado com tudo que está acontecendo. Estou ansioso como uma criança aguardando a hora de abrir o presente. Talvez, se a idade não atrapalhasse, eu dançaria alegremente sob a luz do Sol agora mesmo. Finalmente vou ter a chance de realizar meu sonho, talvez eu finalmente veja o lado oprimido subjugando os agressores. Ainda por cima com uma grata surpresa.
Theo
O jovem não fazia parte do planejamento inicial, mas provou ter valor com seu ato heroico na escola. Afinal, ninguém além dele estava disposto a sacrificar a própria vida por uma estranha.
Por uma nobre
Admito que por um momento, achei que veria minha doce escola ser pintada de sangue. Mas graças a Yuhiwohi nem mesmo o terrorista morreu. De toda forma, é provável que a escola não abra por um longo período por conta do ataque. Tenho que averiguar tudo que deixei lá e retirar os itens fundamentais o mais rápido possível. Quem diria que um terrorista teria as informações necessárias para planejar e executar um ataque?
Não posso descartar um vazamento de informação
De todo forma, não posso dizer que lamento os ataques que ocorreram. Me entristece ver todas as vidas que foram perdidas, infelizmente não posso fazer nada a respeito. Caso tivesse a chance de impedir tal ato, impediria. Porém isso fez as grandes famílias do Paraíso se desesperarem por soluções, então aceitaram reviver uma tradição antiga de tempos mais bárbaros.
Mas será que terão coragem de ir até o fim?
Duvido muito que o povo aceitaria ver tamanha brutalidade
A velhice não me deixa interferir como gostaria. Dependo muito que aceitem minha sabedoria, no entanto que nobre daria ouvidos para um velho do Inferno se nem os meus semelhantes escutam?
Serei um peso morto até que eles vençam
Queria estar na linha de frente junto a esses jovens
Tenho que me preocupar menos com o que não posso fazer e agarrar essa oportunidade. Já não devo ter muito tempo restando, as rugas se acumulam cada dia mais no rosto. Não consigo mais fazer atividades simples, aos poucos o tempo está me consumindo. Me devorando. Minha sanidade e força pouco a pouco escorrem entre meus dedos.
Só mais um pouco
A porta da minha pequena cabana, que comecei a chamar de escritório, se abre.
— Os preparativos estão prontos, senhor — Maria, minha assistente, me tira de meus pensamentos. — Deseja adicionar alguma a mais?
As botas pesadas fazem o velho chão de madeira ranger. A postura séria limpa a melancolia do ambiente. O olhar frio arrepia minha espinha. Apesar de tudo, sua presença sempre me conforta.
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Steel of time
General FictionIrbsal é separada por um muro. A nobreza e a plebe. Água e óleo. O Paraíso e o Inferno. O ciclo infinito de retaliação de ambas as partes parece não ter fim. Há somente duas formas de acabar com a dor de todo um povo, pela espada ou pelo coração. O...