Emílio caminha na direção da escola, não conseguiu dormir muito mais de trinta minutos na última noite. A imagem dos seus amigos caídos no chão completamente ensanguentados foi marcada em sua retina. Eles estavam morrendo e não fez nada, paralisou diante do medo.
Já faz três dias
Três malditos dias sem ter uma migalha de notícia. Fui na casa deles e nada, sem nenhum sinal de vida. Esperei durante horas na porta da frente, mas nada. Perguntei a todos os vizinhos, eles não ajudaram a saber o paradeiro da família.
A culpa é minha
Deveria ter ficado com eles, lutado com eles. Ter caído e sofrido com eles. Não deveria ter me isolado em um canto. Só queria estar com eles agora.
Eu sou só um covarde
Logo a íris rubra avista os portões da escola abertos, o que é estranho. Após o atentado, o diretor anunciou a suspensão das aulas por tempo indeterminado. Logicamente, imaginou que tudo estaria fechado ou com pelo menos uma dezena de guardas reais por toda a parte.
Mas o que mais me intriga é o...
- Veio buscar o carro, neguinho? - uma voz nada familiar faz meu coração quase pular para fora da boca.
A figura de um garoto asiático com o braço esquerdo e parte do pescoço completamente enfaixados. Se veste formalmente, para os padrões do inferno. Camisa social branca, uma jaqueta de couro bege com detalhes em preto e uma calça preta. Ele tá com um olho roxo, com certeza é de briga. Camila vez ou outra volta exatamente com esse hematoma.
- Te assustei?
- Nã... não, só estava pensando em algo - falho miseravelmente em mentir.
Nunca o vi na vida
- Aliás, sou Kizi - ele estica o braço sem faixas me encarando com seus olhos semi fechados. - Sou um fotógrafo quase profissional.
É um asiático. Eles são raridade no país. São originários de um país muito distante chamado Nohin, então é raro eles quererem vir para Irbsal. A. Maioria não quer cruzar dois oceanos para chegar em um país como esse.
É pelo menos o que li nas aulas de geografia e história
- É meio chato ficar no vácuo - ele diz em tom de brincadeira.
Seu braço continua suspenso no ar, no aguardo de um aperto de mão.
- Desculpa, sou Emílio - o cumprimento forçando um sorriso.
- Então, sabe... - ele aponta para o carro atrás de si.
- Sim, claro, eu vim... pegar o... o carro... - não chega a ser uma mentira.
Na verdade eu queria entrar na escola e ver se Theo e Camila ainda estão aqui, mesmo que seja improvável. A iaceê me contou que Simone apareceu na escola, ela ainda está aflita com tudo que ocorreu. Como o carro ainda está aqui, imagino que eles foram levados para algum lugar.
Ele não me parece muito confiável, com certeza veio até aqui para conseguir algo. É possível que nós dois demos o azar de encerrarmos um no outro.
- Bom, se o carro ainda está aqui, só existem três cenários possíveis - ele começa a andar em direção ao automóvel judiado pelo tempo. - Talvez tenha alguém cuidando dele, o que, sejamos sinceros, é improvável. A escola está vazia, sem nenhuma segurança. E claramente aqueles guardas em cima dos muros não estão nem aí se alguém vai ou não roubar essa velharia, eles mais dormem do que qualquer outra coisa.
Entre mostra o dedo do meio para cima para os guardas distraídos pelo tédio.
- Você é idiota?- abaixo a mão dele. - E se eles te verem? Eles...
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Steel of time
General FictionIrbsal é separada por um muro. A nobreza e a plebe. Água e óleo. O Paraíso e o Inferno. O ciclo infinito de retaliação de ambas as partes parece não ter fim. Há somente duas formas de acabar com a dor de todo um povo, pela espada ou pelo coração. O...