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Dizer que foi surpreendente que Jo estivesse na minha casa, era mais do que óbvio. Mas eu não imaginava que eu fosse ficar tão feliz assim por ela ter aparecido aqui.

Eu tive que me trocar. Eu troquei só a blusa e o short, tinha que ficar no mínimo apresentável. Superando as minhas expectativas, ela estava conversando animadamente com Finneas e Claudia. Pensei que ela tivesse algum tipo de ansiedade ou algo assim, mas parece que não. Pareceu relaxada trocando cordialidades com meus pais. Todos nós agora estávamos reunidos na mesa. Vez ou outra ela sorria de lado e até ria mesmo conversando com meu irmão, Finneas era a pessoa mais gente boa que eu conhecia, tinha o poder de fazer bem às pessoas.

— Ela é bonita, querida — minha mãe me cutucou de leve com o seu cotovelo.

— Hm? — olhei pra minha mãe agora.

— Ela é bonita — repetiu com o seu sorriso bondoso de sempre no rosto. — Mas eu acho que você vai acabar babando no seu macarrão se continuar encarando ela assim.

Mãe! — senti meu sangue ser drenado de leve e subir para as bochechas. Me remexi na cadeira de um pouco. — Eu não estava encarando ela.

— Claro, amor — minha mãe esfregou meu ombro direito.

— Então, Jo — meu pai chamou a sua atenção depois que ela, Finneas e Claudia param de conversar paralelamente um pouco. — Você é aluna nova na escola?

— Na verdade, não. Eu estudo lá há uns 4 anos, mais ou menos.

— Sério? Como nunca ouvimos falar de você antes? — minha mãe estranhou. — Vocês não se falavam? — ela olhou para nós duas.

— Não, eu não sou do tipo de falar muito. E eu não acho que o meu jeito atraia pessoas a falar comigo — Jo deu uma risada nasal. — Mas como eu e Billie somos parceiras num trabalho da escola, eu tive que falar com ela. O que é ótimo. Eu... gosto de falar com ela.

Jo finalizou a sua fala olhando para o meu pai, que lhe deu um aceno com a cabeça. Logo após terminar a sua fala, Jo olhou pra mim e não parou mais. Retribuí seu sorriso quase imperceptível com o meu, bem mais notável. Era bom ouvir isso porque eu também gostava de conversar com você, Jo.

Mas a cara do meu irmão, que eu pude notar por causa da visão periférica, me fez olhar pra ele. Finneas estava com um sorrisinho no rosto e as suas sobrancelhas balançaram pra cima duas vezes. O rosto apoiado na mão com o cotovelo em cima da mesa.

O que foi? Eu sussurrei pra ele.

— Parabéns de novo pelo contrato, cara — Jo quebrou o silêncio. — Da primeira vez que eu te escutei no Pulse eu sabia que seria um sucesso.

Finneas sorriu com o elogio.

— Muito obrigado.

— O Pulse não é um bar? — Claudia olhou para Jo intrigada. Jo abriu a boca duas vezes, mas nada saía. Merda, Claudia, por que você tem que pegar as coisas no ar? É, é um bar, mas Jo não deveria estar lá. Ainda não tem 21. Todos olhavam para Jo agora, que parecia pensar no que dizer. Ironicamente por ter falado demais. — Onde você fez o último show, amor?

— Sim, é... err... eu tenho um amigo que trabalha lá — começou. Incerta. — Ele gravou a apresentação e me mandou.

— Jo vem escutando as músicas sem parar desde então — eu tentei ajudar como pude para eles desviarem o assunto do bar.

— Billie tem razão — Jo assentiu com a cabeça com o garfo erguido na minha direção. — Tanto que minha irmãzinha me expulsou de casa por eu não parar de cantar. E ela é surda — Jo estalou a língua arqueando as sobrancelhas.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora