XV

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Stella Bittencourt era, definitivamente, a Gatsby dos tempos atuais.

Depois de um pequeno tour pela casa dela, ela nos mostrou quase tudo, mas eu fiquei com preguiça de andar e voltei pra sala depois de andar pelo 6° cômodo da casa, e nos apresentar alguns funcionários que ajudavam a manter àquela mansão funcionando. Inclusive a governanta que se chamava Theresa. Eu esperava que governantas fossem mulheres baixinhas e de um pouco de idade, mas ela não era. Era uma loira alta e linda e eu com certeza faria... enfim, somente o nome dela era de velha mesmo.

De qualquer forma, a casa, quer dizer, vamos ser honestos, a porra da mansão com certeza deve ter saído nessas revistas de casas extremamente luxuosas. O que era um fodido exagero já que ela vivia sozinha aqui com um namorado (que aliás nem chegou ainda. Que maldito sortudo).

As coisas até que estavam tranquilas, pra minha surpresa. Stella tinha reparado no piercing e apesar da sua micro expressão de reprovação, não disse nada. Acho que aquele olhar isso ser tudo, p-p-pessoal.

Olivia e meu pai estavam deslumbrados pela casa, meu pai um pouco mais contido que Olivia. Essa tinha agarrado em mim e quase não se comunicava com Stella, mas aos poucos a mulher foi conseguindo com que ela se soltasse um pouco mais. Até sorriram uma pra outra. Eu ajudei também instigando Olivia a falar sobre o que gostava com Stella. Meu pai tinha pedido.

Bleh. Aqui estava um saco. Queria ir embora. Nada me impressionava.

Eu só espero que a comida seja boa porque eu estava faminta.

— Senhorita Bittencourt? O jantar está posto — levantei minha atenção, não tão atenciosa assim, da meu celular. Estava na verdade só rolando pelo feed do Instagram e olhei para Theresa. — Vou chamar o pessoal, pode sentar-se a mesa logo, se desejar.

Finalmente. Por que ricos sempre te fazem esperar pra cacete pra comer?

— Valeu e... pelo amor de Deus, Theresa, me chama de Jo — fiquei de pé. — 'Cê tá atirando adagas em mim e nem sabe.

Ela riu e se desculpou.

Andei até a sala de jantar (porque é claro que ela tinha que ter salas separadas) e me sentei em uma das cadeiras vazias da lateral da mesa. Agora eu entendo a demora. Tinha comida ali pra alimentar um time de futebol e um técnico.

— E foi isso que eu disse pra ele — escutei a voz de Stella. Me virei e ela estava rindo com meu pai e Olivia, um de cada lado.

— Não sei como conseguiu convencer ele, apesar de tudo — meu pai falou e eles olharam pra mesa, consequentemente pra mim. Eu cheguei a cadeira pra frente e apoiei os dois braços em cima da mesa, olhando pra frente também.

— Aprendi uns truques com o passar dos anos — ela disse. — Bom, parece que o jantar está pronto — não diga, Sherlock. — Tem alguém com fome?

Ela estava falando com Olivia, é obvio, e depois de mais algumas frases trocadas, todos se sentaram a mesa. Até que enfim começamos a nos servir.

Stella estava sentada na ponta da mesa, eu em um lado dela e meu pai e Olivia do outro. A cadeira da minha irmã estava de frente para mim.

— "Você está mais quieta que o normal, Jo" — Stella começou, movi meus olhos na sua direção. — "Está tudo bem?"

— Se melhorar estraga — eu não gesticulei, mas lhe lancei um rápido sorriso falso. Meu pai me olhou feio, mas eu não liguei. Voltei a comer.

— E a escola? — ela não entende, não é? Eu não quero conversar! Mas Stella insiste em puxar assunto comigo. — Como vai?

— 'Tá no mesmo lugar de sempre.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora