XVI

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Eu estava deitada no quarto com os pés na parede, encarando o teto.

Estava cansada do treino, mas satisfeita.

Briggs é realmente tão dura quanto a sua personalidade sugere, ela nos fez repetir as coregrafias centenas de vezes até julgar que ficaram perfeitas. Nunca estava. Mas então o sinal ressoou e ela teve que nos liberar. Depois de algumas tentativas e olhar atentamente as garotas, eu tinha conseguido pegar a coreografia. Acho que a treinadora ficou supresa com isso, mas não diria nada para encorajar, obviamente.

As outras garotas foram muito simpáticas e legais comigo, nos damos bem imediatamente. Cora e Frances foram as que mais falaram comigo. Mesmo Iris me dando dicas ou fazendo comentários certos comentários que poderiam ser entendidos com dois sentidos, eu ainda a pegava me olhando de forma estranha como no dia do teste. Eu não fazia ideia do que poderia estar passando pela cabeça dela.

Suspirei e virei minha cabeça na direção da mesa de cabeceira para o meu relógio digital. 10 e 15 da noite. Finch estava fazendo o seu show pela primeira vez como artista contratado pela gravadora. Meus pais estavam lá e Claudia também. E eu estava morrendo de vontade de ir, porém era uma espécie de pub. Bom, não era exatamente um bar, eles nem serviam bebidas alcólicas lá, mas menor de 21 não poderiam entrar por ser uma espécie de arena noturna ou algo assim.

Que droga, como eu quero completar a maioridade de uma vez.

Eu espero que Claudia ou os meus pais gravem muito bem a apresentação dele pra eu poder ver depois.

Minha atenção parou de projetar o futuro e voltou ao presente quando eu escutei barulhos de alguma coisa na minha janela. Parecia barulho de pedrinhas batendo contra ela. Estranho. Abri as cortinas da janela e não acreditei no que meus olhos viam.

— Henry?

— Oi, baby — ele deu um sorriso preguiçoso. Eu quase não conseguia ver os olhos atrás daquela cabeleira toda dele. Quando foi que ele ficou tão relaxado com a aparência? Eu abri a janela. — Como você está?

— Eu estou bem. O que você quer?

— Meu Deus, Bil, eu só quero conversar um pouco, baby...

— Para de me chamar assim — suspirei. — Henry, 'tá tarde. Vai pra casa, você está bêbado.

— Me perdoa, baby. Eu fui um idiota com você, eu sei, mas me deixe entrar pra gente conversar melhor...

Ele tentou entrar pela janela, mas eu não deixei, o que não foi muito difícil. Ele quase não conseguia se equilibrar com as duas pernas.

— Henry, nós namoramos faz séculos atrás. Pensei que já tivesse superado isso. E eu não quero você aqui.

— M-Mas Billie... volta comigo. Prometo fazer tudo diferente dessa vez.

— Eu vou ligar pra polícia se você não parar — eu disse séria e fechei a janela com força. Ele teve que tirar os dedos rapidamente. — Estou falando sério. Sai da minha casa.

E então eu fechei as cortinas, escutei ele batendo na janela e então me xingando de várias coisas que eu não dei importância, mas logo parou. Escutei o motor de um carro distante da minha e então tudo ficou em silêncio, Henry deve ter ido embora finalmente com o seu mordomo. Sim, o cara era tão rico que andava com um mordomo pra todo lugar. Inclusive no nosso primeiro encontro, o que foi meio traumatizante por ter sido o meu primeiro.

Eu não deveria ter ignorado o sinal de que aquilo não daria certo.

Peguei meu celular e comecei a falar com Zoe sobre o que acabara de acontecer.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora