Renegade (b.e)

XVIII

Los Angeles estava tendo uma ensolarada em boa parte do seu território, o tempo iria mudar no final da tarde, entretanto. Assim anunciaram os meteorologistas dos noticiários.

Não fazia muita diferença para Stella Bittencourt de qualquer forma. Nem que hoje fosse sábado também. A empresa da família nunca parava, assim como ela.

É verdade que tinham poucos funcionários nos fins de semana, mas do alto de sua torre ela tinha pouco contato com eles. Somente a sua secretária mesmo, porém ela folgava nos fins de semana, o que deixava Stella praticamente sozinha.

Bem, isso se Felix não estivesse lhe dando uma massagem nos ombros com as mãos firmes tentando aliviar as tensões da mulher. Mas ele conhecia Stella, não importa o que acontecesse na vida dela, a resposta de Stella era se jogar de cabeça no trabalho. Ele também sabia que era por causa do jantar. Depois da conversa com Jo, ele reparou como ela tinha ficado diferente.

Depois dos convidados irem embora, Stella não quis falar mais nada sobre o jantar. Ela assumiu aquela personalidade estoica que levou anos para que Felix conseguisse quebrar e se aproximar dela, ele não tem tido muito sucesso agora. Stella está tão consumida pelo trabalho que não consegue nem ao menos aproveitar as ações do namorado.

— Stella, 'tá um dia lindo lá fora. Vamos, você trabalhou muito essa semana, merece um pouco de descanso — Felix tentou mais uma vez, sem parar a massagem nos ombros tensos. Sua voz era tranquilizante, diferente da monótona voz firme que quase comandavam uma ordem que usava para falar com os outros. Somente quando estava sozinho com Stella que ele falava assim.

— Eu ainda não terminei, Felix. Mais 15 minutos e então...

Ele não a deixou terminar, virou a cadeira giratória que onde ela estava sentada e se agachou para ficar da altura dela.

— Felix, só me deixa...

— Você está dizendo isso há horas — ainda sobre protestos da parte dela, o homem tirou a caneta e os papéis das mãos de Stella, os jogando em cima da mesa atrás dela. — Você precisa de uma pausa, meu amor — ele beijou a testa da mulher, acariciando a sua nuca quando voltou a ficar com o rosto próximo ao dela. Olhando no fundo dos olhos dela, ele perguntou:

— Me deixa cuidar de você, por favor? Não precisamos conversar sobre nada senão quiser, mas eu posso preparar a banheira super deliciosa quando chegarmos em casa, preparo uma das suas comidas favoritas enquanto você relaxa...

— Vieiras com lagosta e suflê de queijo Gruyère? — ela ergueu a sobrancelha bem-feita.

— Vieiras com lagosta e suflê de queijo Gruyère — ele assentiu com um sorriso.

— Parece que quer me mimar esta noite.

— Bem... sim. Você organizou um jantar incrível ontem à noite e é minha vez de retribuir. E como eu disse, você trabalha demais. Quer te recompensar por tanto trabalho.

— Hm... isso parece um convite com segundas intenções... — ela sorriu e depositou os braços ao redor do pescoço do homem quando ele a levantou pela cintura, a colocando de pé e fazendo com o que o corpo de Stella ficasse apoiado contra a mesa.

— Não vou negar que eu estava contando que o vinho pudesse ser a cereja do bolo no meu plano mirabolante — eles começaram a trocar selinhos inocentes antes de Stella afastar um pouco o rosto.

— Como se você precisasse de vinho pra isso.

Felix sorriu e finalmente aproximou o rosto para dar um beijo de verdade em Stella. Um beijo familiar e delicado.

— É um alento ver como os negócios da empresa estão sob cuidados tão atenciosos.

Stella e Felix se separaram imediatamente ao escutarem a voz que entrou sem ser anunciada no cômodo. Só poderia ser Norma Bittencourt.