XXIV

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— Sanchez, será que dá pra pelo menos fingir melhor que não está colando na minha prova?

O professor Truman falou com um suspiro lá da frente da sala. Os alunos viraram seus pescoços automaticamente pro fundo da sala, onde eu estava sentada.

— Olhem pra frente — o bigodudo pediu.

— Qual é, senhor Truman. É muita injustiça colocar provas antes das férias de verão.

— Você deveria ter estudado, Sanchez.

— Eu estudei, mas a minha cabeça não conseguia se concentrar nas provas sendo que eu tinha que planejar o que iria fazer. Talvez eu tenha algum déficit de atenção ou alguma coisa assim, sabe? O senhor deveria me ajudar — eu apontei para ele com o lápis.

— Para de atrapalhar a prova dos outros e termine a sua logo antes que eu eu te tire da minha sala.

— Eu tenho certeza de que as que eu respondi estão certas e pelas minhas contas, eu só preciso de mais uma pra poder ficar na média e passar, Truman. Então, o que me diz, vai mesmo querer ter que elaborar uma outra prova só pra mim quando você pode me deixar ter a resposta de uma questão só? Quer ter mesmo esse trabalho nas férias de verão quando você poderia estar, merecidamente, descansando?

Truman ficou me encarando depois da meu pequeno discurso de proposta. Ele descruzou os braços e suspirou vindo até mim.

Parou ao meu lado e pegou a minha prova, analisando as questões que estavam respondidas e as em branco. A sala estava um silêncio. Alguns olhavam para trás disfarçadamente, esperando o que o professor iria fazer. Pela cara dele, eu esperei que fosse me ajudar mesmo. Não acredito que isso iria dar certo. Todos esses anos que eu passei colando quando eu poderia simplesmente ter pedido, que desperdício de energia, cara.

— Sai da minha sala, Sanchez. Vai pra diretoria.

Filho da...

[...]

As semanas passaram rápido e estávamos final dela. O que significava que a partir de hoje, eu finalmente teria os meus tão agurdados dias longe daqui.

Eu me saí ok nas provas. O suficiente pra não tomar bomba e reprovar. Minhas notas sempre foram medianas e pra mim estava tudo bem, pra que fazer mais esforço pra melhorar elas? Eu vou me graduar com elas assim ou com elas mais altas de qualquer jeito.

Cheguei no estacionamento e encontrei Billie sorrindo e abraçando algumas líderes de torcida, parecia uma despedida já. Zoe estava com ela também. Veja, Billie, felizmente, se recuperou muito bem da queda, mas só poderia voltar os treinos daqui uma semana e como entramos de férias, isso seria adiado até a gente voltar.

As outras meninas se afastaram com um tchauzinho e eu me me aproximei de Billie e Zoe, prestes a entrar no carro de Billie.

— Donahoe, Eilish — eu me apoiei na janela do carro da motorista e fiz um aceno com a cabeça para elas. Ambas sorriram.

— Uh, que formal — Zoe falou.

— É — Billie riu me olhando. — O que houve?

— Bem, eu tenho que ser formal. Eu vim pedir permissão para te sequestrar pelo resto da tarde e não poderia ser feito de outra forma.

Billie me olhou confusa e trocou um olhar com a melhor amiga, elas fazendo praticamente a mesma cara sem entender nada.

— Do que está falando, Jo?

Me apoiei com o outro braço na janela.

— Tem um lugar que eu queria te mostrar. É meio longe, mas vale a pena, eu juro. Mas a gente vai voltar hoje mesmo.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora