X

107 18 0
                                    

O caminho até o meu prédio foi silencioso.

Billie tentou perguntar como eu estava me sentindo, se estava melhor, seu eu queria conversar... depois de responder com apenas murmúrios e acenos de cabeça, ela entendeu que eu não queria falar agora.

Eu só observava a paisagem pela janela se movimentando enquanto a Dragon, quer dizer, o carro de Billie avançava pelas ruas.

Eu estava com vergonha.

Morrendo de vergonha por ter chorado que nem um bebê na frente de Billie, meu Deus, eu sou tão patética. Sem falar do surto que eu tive por causa daquele carro imbecil. Eu só queria me enfiar num buraco e nunca mais ter que sair dele.

— Jo? Chegamos — Billie falou depois que o carro parou de de movimentar. O display LCD do carro dela estava com uma mensagem dizendo que tínhamos chegado no destino. Nem percebi que estávamos paradas em frente ao prédio.

— Valeu — ainda sem olhar nos olhos dela, me estiquei pra pegar a minha mochila no banco de trás e sair.

Mas antes mesmo de sequer conseguir sair do carro, meus olhos se fixaram no homem careca que eu reconheci imediatamente. A mão dele estava enfaixada além do terno que o vi usando como da última vez. Ele estava parado a poucos metros de nós, encostado num SUV azul, com o corpo virado pra frente.

— Só pode ser brincadeira — sussurrei olhando pra ele.

— Conhece esse cara? — olhei para Billie pela primeira vez em algum tempo. Assenti suspirando e levei a mão a maçaneta interna do carro.

— Conheço. Ele é problema — com isso sai do carro indo em direção à ele.

— O que está fazendo aqui, cara? Quer que eu deixe sua outra mão combinando com essa?

O careca deu um passo pra trás com a minha repentina aproximação, mas logo recuperou a sua postura. Ficamos frente a frente. Não estava com medo como antes, mas sim raiva.

— Eu vou ser breve. Só vim lhe entregar o carro em nome de sua mãe e — ele me entregou uma caixinha branca com o mais novo celular que vem sendo anunciado nas propagandas. — Isso. Ela disse que sente muito por ter danificado o seu.

— Eu não quis dizer pra ela... eu não quero isso — lhe entreguei de volta a caixa. — Nada disso — apontei para o carro também. — Pode levar essas coisas de volta.

— A sua mãe é presidente dos Estados Unidos? — Billie olhava com as sobrancelhas erguidas pro Rolls-Royce azul. Franzi o cenho em sua direção com um olhar de "é sério isso?". — Desculpe.

— Me desculpe, mas ela me fez esperar pra te entregar essas coisas pessoalmente. Não tenho permissão para voltar com elas — ele pegou a minha mão e pôs a caixa ali de novo.

— Por que diabos ela não veio aqui mesmo pessoalmente? Teve que mandar o pinguim de geladeira outra vez, hm?

Ele coçou a garganta.

— A mãe da senhorita é uma pessoa extremamente ocupada — ele ajeitou o terno. — Tenham uma boa tarde.

E então, sem mais nem menos, entrou no carro preto da frente ao que tinha deixado ali e o carro seguiu seu caminho. Guiado por uma pessoa que não quis sair.

Eu cocei meu nariz e suspirei cansada. Por Deus, esse dia não vai acabar?

Stella atendeu no terceiro toque.

— Por favor, me diga de uma vez o que há de errado com você porque eu estou cansada de tentar advinhar.

— Oi, Jo. Estava imaginando quando me ligaria. Recebeu os presente, eu imagino — eu conseguia ouvir barulho de passos e pessoas conversando no fundo.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora