VII

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Andei pela calçada da escola com a cabeça baixa e as mãos no bolso.

Estava subindo a rua pra ir pro ponto de ônibus. Perguntei meu pai se ele podia pegar Liv hoje, já que eu tinha que ir pra casa de Frances depois da escola. Mas pra ele deu uma desculpa que ia resolver algum trabalho com Billie.

Eu dei um meio sorriso ao pensar nela quando cheguei no ponto de ônibus. Eu estava indo pra casa de Frances, sim, mas eu estava fazendo isso totalmente pela Pirata. Decidi tirar meu celular do bolso e me sentei no banco.

Apertei na segunda opção de conversa, abrindo o chat com Billie. Tinha uma mensagem não respondida por mim, ela tinha perguntado por que eu não apareci na aula de biologia.

Eu:

- foi mal, não estava me sentindo muito legal

- mas, ei, pirata

- comece a treinar seus pompons azuis. vc tem um teste pra ser preparar

Bloqueei a tela a tela a tempo de ver exatamente a tempo de ver um carro preto, aquele carro preto, aparecer no início da rua e num piscar de olhos – e cantar dos pneus –, o carro estacionou bem na minha frente. Como uma cena de ação do Vin Diesel. Eu nem tive tempo de guardar meu celular.

Assim que eu me levantei pra dar o fora dali, um homem de terno preto, sob medida, abriu a porta do veículo e saiu do mesmo. Ele estava usando óculos escuros e eu não consegui reparar mais em nada das suas feições porque ele abriu a porta do motorista olhando na minha direção.

— Por favor, senhorita, entre no carro.

Puta. Merda.

Eu recuei um passo para trás engolindo em seco. Eu precisava sair dali. Logo. Eu tentei, discretamente desbloquear meu celular pra tentar ligar pro meu pai ou 911, sei lá!

— Quem são vocês? — tentei enrolar eles pra ganhar tempo. Não esperava que fossem responder. Sequestradores com a mínima parte da massa cinzenta do do cérebro funcionando não responderiam. Eu acho. Mas o que eles poderiam querer comigo?

Deixa pra lá, eu não quero descobrir.

Eu olhei para baixo rapidamente e entrei na lista de contatos do telefone.

— Não torne isso difícil. Só entre no carro de uma vez.

Um outro homem surgiu do banco do passageiro. Também usava óculos escuros, mas era careca, diferente do homem que falou. E o cara que falou primeiro tinha um leve sotaque para pronunciar algumas palavras.

— Não vou entrar em lugar nenhum, cara. Vai se foder.

O homem inspirou profundamente e soltou um botão do seu terno. Com um movimento com a cabeça, ele indicou pro careca vir na minha direção.

Puta, puta merda! Merda! Caralho!

Eu saí em disparada, mas não não consegui correr muitos metros. Logo um homem truculento conseguiu me alcançar por trás e tapou a minha boca enquanto eu tentava, sem sucesso nenhum, gritar e me debater. Qual é, LA? 'Tô sendo sequestrada em plena luz do dia e ninguém vê isso?

— Felix! Eu precisar de... Ai! Ela me mordeu!

— Pelo amor de Deus... ei, volta aqui! — o cara que tinha cabelo resmungou primeiro antes de gritar. Eu já estava um pouco distante.

— Socorr... — quando estava prestes a virar à esquina, senti meu corpo ser puxado pela mochila em minhas costas e o tal Felix segurar meus dois braços com um braço só e tapar a minha boca com a mão livre do outro braço. O estrangeiro era forte. Ele praticamente me arrastou para o carro. Eu ainda tentava lutar e gritar por socorro, mas saía abafado, é óbvio.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora