XIV

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O carro chamou a atenção como eu achei que chamaria no colégio. Mesmo sendo um colégio de moleques com pais cheios da grana, era um carro e tanto.

Ignorando como sempre as pessoas quando desci do carro e senti seus olhos me acompanhando, curiosos e interessados. Eu não sou a porra de um reality de TV, pessoal.

Ah, e eu furei a sobrancelha. Eu pensei que ia doer colocar o piercing, mas eu não senti absolutamente nada. Talvez tenha sido o efeito da maconha e eu provavelmente não iria tomar essa decisão assim do nada sem ela, mas eu não me arrependo. Ficou bonitinho até, mas isso não é surpresa nenhuma.

— Então hoje é o grande dia, não é? — Billie perguntou olhando pra mim. A gente estava no corredor e eu escostada nos armários de aço azuis embutidos na parede.

— Bom dia, Billie.

Alguém passou falando com ela. Pela quinta vez desde que eu cheguei aqui.

— Bom dia — a menor sorriu e tornou a me olhar.

— É, finalmente chegou aquele dia que ninguém queria que chegasse — suspirei. Hoje a noite era o jantar na casa da Stella.

— Talvez não seja tão ruim quanto você está pensando. Quem sabe você não acaba se surpreendendo?

— Queria ser otimista como você, mas eu vivo no mundo real — Billie revirou os olhos.

— Você não vive no mundo real, só é pessimista.

— Oi, Billie, bom dia!

Dessa vez foi uma garota. Líder de torcida também.

— Pode até ser, mas no mundo real, os populares não deveriam falar com simples alunos problemáticos como eu — falei olhando a garota que Billie comprimentou, ela negou com a cabeça.

— Eu não sou popular. Você é que é o assunto do dia novamente por causa do carro.

— Mas as pessoas não falam comigo de 5 em 5 segundos. Elas falam pelas costas, como sempre — argumentei.

— Você assusta elas de propósito.

Dei de ombros não falando nada. Aquilo era uma grande verdade.

— Mas mudando de assunto — não queria falar sobre a tortura de mais tarde, e sim da tortura de amanhã. Pelo menos a de amanhã não terá adultos e terá Billie. Já é bem mais branda. — Preciso saber um pouco mais dos seus amigos se for tentar puxar conversa amanhã.

— Concordo. O que quer saber?

— Eu sei que Zoe é a sua amiga de infância e vocês tem praticamente os mesmos gostos, o que é ótimo. Hm... me fala do que os meninos gostam — falei depois de pensar um pouco. — Aquele Jesse, por exemplo. Qual a droga que ele usa porque eu quero um pouco. O cara tá sempre sorrindo.

Billie riu balançando a cabeça.

— Jesse só é muito feliz, Jo.

— Parece um exagero.

— Ele tá sempre brincando e fazendo palhaçadas. Quando nós namorávamos, ele...

— Espera — a interrompi. — Vocês namoraram?

— Sim, por um ano.

— Por que terminaram? — além dele ser claramente feio demais pra você?

— Decidimos que era melhor sermos amigos e ele ainda pensava na Devon quando estava comigo e eu não tinha mergulhado de cabeça na relação. Parecíamos distante quando estávamos perto um do outro. Sei lá, nosso namoro era mais amizade do que outra coisa. Acabou tudo numa boa.

Renegade (b.e)Onde histórias criam vida. Descubra agora