𝟎𝟏𝟔.

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𝟐 𝐖𝐄𝐄𝐊𝐒 𝐋𝐀𝐓𝐄𝐑.

Eu tirava minhas malas do fundo do carro com a cara emburrada.

Plano A: ficar assim até minha mãe perceber.

Heather! — Minha mãe abraçou a loira — Que lugar maravilhoso!

— Pois é, eu te falei! — Sorriu — E ainda preciso te mostrar mais coisas por aqui. Você ainda não viu nada.

Vou dar um resumo para vocês das minhas últimas duas semanas. Não aconteceu muita coisa de interessante, mas mesmo assim quero contar. Heather nunca mais encheu o meu saco, Walker realmente fingia que eu não existia e... Ah! Outra novidade. Ele e Heather se reconciliaram.

Faltando uma semana para a viagem, descobri que Heather queria nos levar para a sua casa de praia. Eu não sabia muito bem o motivo daquela viagem porque era inverno e estava nevando. O que raios iríamos fazer em uma casa de praia enquanto estivesse nevando?

Os Scobell saíram da casa e foram nos receber. Leena caminhou até mim.

— E aí, lenda? — Perguntou, fazendo o típico high five que sempre fazíamos quando nos encontrávamos.

— Oi! — Tentei parecer feliz — Quanto tempo!

— Pois é — Sorriu — Deixa que eu te ajudo com as malas!

Leena tomou uma mala minha em sua mão e a levou para o andar de cima. Tirei minhas sandálias e coloquei-as na frente da porta. Adentrei a casa e ela realmente era muito bonita. Admirei um pouco mais a sala daquele lugar, eu realmente não esperava uma coisa daquelas.

Olhei em direção a cozinha e encontrei Walker bebendo um copo de água. Nossos olhares se encontraram e eu desviei rapidamente. Você prometeu, Hillary.

Quando Walker estava pronto para passar reto pela porta de entrada, Heather o empurrou novamente para dentro, dizendo:

— Walker, por que você não mostra o quarto que vocês vão ficar para a Hillary? Ela precisa se localizar na casa!

Acho que congelei.

Vocês? — Perguntei.

— É, por que não?

— Mãe... — Walker a chamou.

— Espera, Walker.

Ela andou até mim e colocou suas mãos em meus ombros.

— Olha, querida, eu sei que o Walker e você não estão em um momento muito bom, mas vocês sempre foram melhores amigos e acho que não tem problema nisso. E também, não tinham quartos suficientes, eu tive que fazer isso, me desculpe. — Falou, sussurrando.

Parecia que o mundo conspirava contra mim, mas apenas decidi fingir que estava tudo bem. Ficaria tudo bem, eu sei que ficaria.

Tudo bem, tia. — Falei, sorrindo falso.

— Eu sabia que você entenderia.

Heather deixou um beijo no topo da minha cabeça e andou até Walker. Eles pareciam estar conversando sério sobre alguma coisa e eu não duvidava que eram os mesmos motivos que os meus.

Me sentia uma idiota parada ali, esperando a conversa dos dois acabarem para o príncipe encantado me mostrar o quarto em que nós dois iríamos dormir. Quando a conversa finalmente acabou, Walker saiu de lá, bufando.

— Vem, é por aqui. — Disse, secamente.

Revirei meus olhos e o segui. Adentramos o quarto. Suspirei aliviada quando vi que pelo menos ele tinha duas camas. O mundo já estava conspirando contra mim, não esperava nada pior. Percebi que minhas malas já estavam lá.

— Então, é aqui. — Falou.

— Uhum. — Andei até minhas malas e comecei a desfazê-las.

— Eu realmente não sabia que a gente iria dormir... Juntos. Me desculpa.

— Não tem problema — Retribuí com o mesmo tom de voz que ele usou para me receber — Não vai fazer tanta diferença.

Ele murmurou alguma coisa e se sentou na outra cama de solteiro, pegando seu celular. De repente, senti uma tontura. Minha visão ficou meio embaçada e parecia que tudo estava girando ao meu redor. Um agudo apitar soou pela minha cabeça e acabei escorregando, tentando me segurar na cama.

Walker largou seu celular e andou rapidamente em minha direção.

— Hillary! Hillary, o que foi? — Me segurou pelos braços.

Aquele som agudo permaneceu como uma sirene estridente dentro da minha cabeça. Coloquei a mão ao lado da cabeça. Acabei caindo no chão, mas Walker conseguiu me segurar antes. Eu não tinha cabeça para xingar ele agora.

— Hillary, fala comigo!

Quando o som na minha cabeça parou e minha tontura cessou, consegui finalmente enxergar. Eu realmente não sabia o que aquilo tinha sido.

— Ei, você está bem? — Colocou uma mão em meu rosto.

Desviei de seu toque, me sentando sozinha.

— É... Eu estou bem.

— O que aconteceu? — Perguntou sem entender — Isso é normal?

— Eu não sei, Walker. Eu não sei. — Me sentei na cama, ainda tentando raciocinar o que havia acontecido.

— Temos que falar com a sua mãe.

— Não! — Praticamente gritei, mas percebi que estava falando alto demais — Não, por favor.

Ele franziu o cenho.

— Hillary, o que está acontecendo? — Se levantou do chão.

— Eu não sei, Walker! Eu já falei! — Olhei para o lado — Eu só não quero preocupar muito a minha mãe. Ela está grávida. Deve ter sido o estresse, só isso.

— Ah, é. Tem isso mesmo — Lambeu seus lábios, pensativo — E o que você vai fazer?

— Eu não vou contar nada para ela — Cruzei os braços — E nem você, Walker.

— Tudo bem, eu não conto.

Percebi que estava agindo normal demais com ele, então levantei da cama e usei essa desculpa aqui (que por sinal foi ótima):

— Eu vou beber água.

— Você quer que eu vá com você?

Como era cara de pau.

Não.

Não me preocupei em virar para trás para dizer isso. Parece que meu plano para ignora-lo estava ficando cada vez mais difícil, mas eu ia tentar até o fim. Por que Walker tinha que ser tão bipolar?

𝐇𝐄𝐀𝐓𝐇𝐄𝐑, walker scobell.Onde histórias criam vida. Descubra agora