𝟎𝟏𝟕.

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Eu ainda não havia esquecido o que aconteceu mais cedo, mas agia como se realmente aquilo não tivesse acontecido. As vezes eu pegava Walker me olhando, mas quem não me olharia depois de um surto daqueles?

O dia de hoje até que havia sido legal. Tínhamos chegado naquela casa antes do almoço, e Heather fez peixe para nós. Depois, Tanner revelou para nós que havia sorvete na geladeira e tomamos escondido. Nas horas vagas, eu conversava com Leena normalmente de frente para a lareira porque estava muito frio, e sobre a piscina, não tinha nenhuma condição de entrar lá.

De noite, comemos Waffles com mel e Heather pediu milk shake no delivery para a gente. Já na hora de dormir, eu estava lendo um livro que tinha que terminar em cima da cama. Havia lavado o cabelo mas fiz questão de ter o trabalho de seca-lo no secador porque estava muito frio.

Puxei minhas cobertas e me cobri mais, voltando meus olhos para o livro. Pouco tempo depois, ouvi a porta do quarto se abrindo. Walker entrou por lá.

— Oi — Sorriu.

Acenei com a cabeça para ele, dando um sorriso forçado. Assisti ele abrir sua mala e pegar seu pijama. Ele passou reto por mim e entrou no banheiro do quarto. Eu não sei porque ficava esperando ele falar comigo.

Larguei o livro e deixei-o na mesinha ao lado da minha cama. Me deitei para o lado da parede e tentei fechar os olhos, com o intuito de dormir. Walker já havia saído do banheiro, sentado em sua cama e feito mil e uma coisas e eu não havia dormido ainda.

Depois de mais de trinta minutos, Walker finalmente dormiu. Como eu sabia? Virei para o outro lado e vi que ele estava imóvel, presumi que estava dormindo mesmo.

Comecei a ouvir uns barulhos na janela. Não na janela, mas batendo na janela. Franzi o cenho em desconfiança e já comecei a achar meio milhão de coisas. Ninguém mandou assistir tanto filme de suspense e terror, Hillary.

Mas como uma boa protagonista (burra), eu resolvi levantar da cama na ponta dos pés e ir checar o que era aquele barulho esquisito e diferente que ecoava pelo lado de fora. Eu estava esperando alguma coisa do tipo: Um serial killer, um palhaço bem estranho, um esquizofrênico ou até mesmo um bicho voador mais assustador do que tudo isso que eu falei, mas era só... Neve.

Sorri quando vi aqueles pequenos flocos caindo sob a janela. Eu amava a neve e eu não perderia esse momento por nada. A única coisa que eu queria agora era um momento sozinha. Mexi em minha mala com cuidado e peguei um cardigan, colocando por cima do meu pijama e saí do quarto. Encostei a porta sem fazer barulho e desci as escadas da casa. Peguei as chaves que estavam em cima do balcão da cozinha e abri a porta de entrada. Me sentei no chão de madeira que havia ali, perto de uma pequena escadinha com três degraus e fiquei admirando a neve.

Encostei minha cabeça em uma estrutura e admirei a neve cair lentamente. Fiquei imaginando a neve pela manhã, toda derretida no chão e as árvores decoradas com seus flocos, mas nada melhor do que admirar a verdadeira neve ao anoitecer. Pensei em muitos quesitos da minha vida. Acho que nesse momento raciocinei e relembrei sobre tudo o que havia acontecido ultimamente. Estiquei minha mão e um floco de neve gelado caiu sobre ela. Sorri ao ver aquilo. É, acho que eu estava ficando clichê demais.

Fechei os olhos enquanto o vento frio batia em meu rosto. Por algum motivo aquela sensação era reconfortante. Despertei quando ouvi a porta atrás de mim sendo aberta. Uma figura familiar andou até onde eu estava e se sentou ao meu lado, parecendo também apreciar a neve. Eu só precisava de um momento sozinha.

— Eu pensei que estivesse dormindo — Falei.

— Sim, eu estava — Admitiu — Mas acordei e percebi que você não estava no quarto.

𝐇𝐄𝐀𝐓𝐇𝐄𝐑, walker scobell.Onde histórias criam vida. Descubra agora