𝟎𝟏𝟏.

4.5K 552 856
                                    


Estava na hora do intervalo e Momona não tinha vindo para a escola. Eu teria que passar meu intervalo inteiro em um canto, sozinha. Eu podia facilmente dizer que esse foi o dia escolar mais chato de todos.

Fui para um lugar que sabia que poderia facilmente ficar sozinha, sem ninguém me atrapalhando. Caminhei até atrás da escola e quando cheguei, me sentei em uma estrutura que havia ali e coloquei meus fones de ouvido.

Podia sentir a paz. Ao mesmo tempo que estava triste por minha melhor amiga ter faltado a escola, me sentia muito bem sozinha e acolhida pela minha própria companhia ali. Me distraí tanto no ritmo da música que nem percebi os barulhos de passos.

Tirei os fones de ouvido quando vi um garoto parado em minha frente. Franzi o cenho e perguntei:

— Oi, o que você quer?

O garoto cujo eu nem sabia o nome me puxou pelos ombros e me jogou contra uma parede, fazendo meu fone cair. Ele me prendeu e se aproximou do meu rosto.

— Calma, gatinha. — Sorriu maliciosamente — Não precisa ficar assustada, eu não mordo.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntei, encolhendo meu corpo — Quem é você?

— Acho que você não precisa saber agora... Mas e você? Quem é?

Eu não estava entendendo nada, só sabia que o que aquele garoto queria comigo não era coisa boa.

— Eu não vou te dizer meu nome. Agora me solta. — Ordenei.

Ele riu sarcasticamente.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — Aproximou mais seu rosto do meu, me fazendo encolher ainda mais para aumentar a distância entre nós — Calma, eu só quero te conhecer melhor, gatinha.

Ele pôs sua mão em uma mecha de cabelo minha e sussurrou:

— Eu só quero um beijinho.

Nessa hora minha ira já estava tomando conta de todo o meu corpo. Ele tentou aproximar seu rosto do meu, mas eu não deixei tão barato. Chutei as partes genitais dele, fazendo-o grunhir de dor no chão.

— Desgraçada! — Gritou.

— Sai daqui, seu tarado!

Resgatei meu fone do chão, observando-o se levantar devagar. Antes que eu pudesse fugir, o garoto conseguiu me puxar pelo pé e me derrubar no chão. Gritei, mas ele tapou a minha boca com sua mão.

— Você, fica caladinha — Subiu em cima de mim — Agora você vai sofrer as consequências de ter me chutado, sua vagabunda!

Tentei gritar novamente, mas o som da minha voz saía abafado. A única solução agora seria meu plano B. Cuspi em sua mão, fazendo ele logo retirar ela de minha boca.

— Eu já mandei você me soltar, seu babaca — Levantei — Se tentar alguma coisa comigo de novo, você vai...

Perdi a fala quando sua mão voou em meu pescoço e me jogou contra a parede novamente. Escorreguei e ele abaixou para ficar da minha altura. Eu ainda estava ofegante, mas o olhava com firmeza. Tentei levantar, mas sua mão foi em direção ao meu pescoço novamente, agora praticamente me enforcando.

Sentia a raiva percorrer por todo meu corpo e meus olhos começaram a marejar. Eu sabia de uma coisa, eu não choraria de jeito nenhum na frente dele. Eu não conseguia respirar, mas tentava lutar o máximo para tentar sair de lá.

— Me solta, seu babaca... — Tentava falar e minha voz saía embriagada.

Já estava começando a sentir o ar se esvair por meus pulmões.

— Me chama de novo de babaca, eu quero que você me chame! — Apertou ainda mais meu pescoço.

Eu jurei que iria desfalecer naquele exato momento e isso me deixava ainda mais nervosa. Eu não podia perder para um tarado ridículo como ele. De repente, o garoto cujo ainda não sabia o nome caiu do chão de repente. Caí para o lado, com minha garganta ardendo e ainda tentando recuperar o fôlego perdido.

Inspirava e expirava sem parar, com todas as minhas forças perdidas. Eu ainda não me conformava que tinha praticamente deixado um garoto daqueles me enforcar, mas é nessas horas que você pensa que tem reação e não tem, eu tentei ao máximo lutar. Mesmo assim, o garoto caiu no chão e foi empurrado por alguém, eu precisava ver quem havia literalmente salvado minha vida.

Abri os olhos lentamente, ainda com um pouco da visão turva. O garoto que há poucos minutos atrás tentou me enforcar estava brigando com outro de aparência muito familiar. Me sentei, ainda ofegante, tentando ver se era quem eu realmente pensava.

A cena de Walker e o tal sujeito brigando me assustava. Eles não se batiam, mas discutiam. Quando minha visão e audição ficaram mais claras,
pude escutar tudo.

— Se você soubesse realmente como ser um homem, não estaria fazendo isso com ela! — Walker apontou o indicador para ele.

— Cara, você quer morrer? — Se aproximou dele — Por acaso você não é o namorado da Heather?

— Sim, e daí? — Perguntou.

— Então quer dizer que o namoradinho da Heather anda defendendo e protegendo outras garotas. A Heather não ia gostar nadinha disso. Ou talvez... Eu possa contar para ela.

— Eu não ligo, seu idiota. — Falou — Você acha que eu tenho medo de você? Se quiser contar para a Heather, pode contar, eu não estou fazendo nada de errado.

— Hm — Estalou seus dedos — Então agora vai defender a outra namoradinha?

Walker cerrou seus punhos.

— Ela é a minha melhor amiga. — Disse, com firmeza — Eu não vou deixar você tocar um dedo nela.

Senti um calor percorrer por todo o meu corpo. Walker tentou o empurrar mas o outro garoto conseguiu dar um soco nele antes, fazendo Walker cair no chão.

— Se liga, ô loirinho. Olha com quem você tá se metendo — O garoto se aproximou de Walker — E a Heather ainda vai ficar sabendo disso.

E saiu andando, nos deixando sozinhos ali. Eu ainda estava perplexa com tudo o que estava acontecendo. Meu pescoço ainda doía muito e eu me repreendia que o que mais me chocava da situação, foi o que Walker fez e disse. Ele logo saiu de seu lugar e foi até mim.

— Você está bem? — Perguntou, me checando — Ele te tocou em algum lugar? Hillary, você está me ouvindo?

— Eu... — Acordei de meu transe — Eu 'tô... Eu 'tô bem.

Ele tocou alguns dedos em meu pescoço.

— Está vermelho. Ele te machucou?

— Um pouco, mas é sério, eu estou bem.

— Vem. — Ele estendeu a mão para mim, se levantando — A gente precisa se queixar disso na diretoria.

— Walker, mas...

— Hillary, isso é sério — Me interrompeu — Vem.

O olhei por mais alguns segundos, ainda um pouco chocada com a situação. Aceitei a ajuda dele e seguimos juntos para a coordenação.

𝐇𝐄𝐀𝐓𝐇𝐄𝐑, walker scobell.Onde histórias criam vida. Descubra agora