𝟎𝟏𝟑.

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Depois daquele momento constrangedor, eu estava implorando para Deus me enfiar em qualquer buraco. Saímos da sala com o maior constrangimento existente na terra. Walker estava pronto para abrir a boca e falar alguma coisa, mas eu falei primeiro:

— Eu acho que preciso ir.

— Ah, uhm... Eu acho que...

Do nada, uma voz ressoou pelo corredor.

— Walkie! Walkie, você está bem?!

Era a voz de Heather.

— Walker, eu preciso mesmo ir! A gente... Se vê, por aí.

Dei um passo para trás e saí correndo, antes que Heather pudesse me encontrar junto de Walker. Me escondi dentro de uma sala e assisti Heather se aproximando.

— Walkie, meu amor... O que aconteceu? — Pôs suas mãos no rosto dele.



*

Depois da escola, contei tudo para Momona e ela realmente se chocou com o acontecido. Ela até me ligou e passamos a maior parte da tarde falando sobre isso. Confesso que até eu estava meio empolgada, mas eu sinceramente não sabia o porque.


28 DE ABRIL DE 2023.


— Walker! — O sacudi — Walker, acorda!

Não adiantou de nada, ele apenas se remexeu mais um pouco.

— Walker! — O remexi mais uma vez.

Ele finalmente pareceu escutar dessa vez e acordar lentamente.

— Hm... — Murmurou — O quê?

— Presta atenção no filme, você estava dormindo! — Apontei para a televisão.

— Me deixa dormir... — Se recostou no sofá, coçando seus olhos — Por que me acordou?

— Walker, você estava praticamente esmagando meu ombro — Falei.

— Ah — Riu — Desculpa, eu não percebi.

— Ah, agora está sabendo. — Coloquei mais um pouco de pipoca em minha boca — Vai, assiste o filme.

— Que horas são? — Perguntou.

Peguei meu celular que estava um pouco distante de mim e chequei o horário.

— Meia noite e meia.

— Que merda — Reclamou — Eu 'tô com sono, Hillary.

— Problema seu. Vai, assiste.

Walker murmurou mais uma vez e mexeu em seu cabelo. Inesperadamente, Walker deitou sua cabeça em minhas pernas e se esticou no sofá, apoiando suas mãos em meu joelho. Não consigo descrever direito o que senti naquele momento.

— O... O que você está fazendo, Walker? — Perguntei, sentindo minhas bochechas criarem um rubor vermelho.

— Eu já disse, eu estou com sono — Resmungou — Eu vou dormir.

Limpei a garganta.

— E... Precisa ser aqui? Tipo... Aqui?

Eu esperava que ele falasse algo do tipo: "Então quer que eu saia?", ou "Nossa, você é muito fresca" ou até mesmo "Não, mas eu quero", mas ele somente suspirou e disse:

— Precisa.

Senti meu coração errar as batidas.

— Ai, Walker. Você é idiota até quando está bêbado de sono, né? O que pensa que está fazendo aqui? — Perguntei, fingindo naturalidade.

Ele deu uma risada nasal.

— Pode até ser — Deu uma pausa — Mas eu gosto de você.

Definitivamente senti que minha alma sairia do meu corpo naquele exato momento. Pensei que havia escutado alguma coisa errada e perguntei:

— O que? — Meus olhos brilhavam.

Ele inspirou e expirou.

— Eu disse que gosto de ficar deitado assim, com você. Você sempre acaricia meu cabelo, o que está esperando pra fazer isso? — Questionou como se fosse a coisa mais óbvia.

Engoli em seco. Aquilo estava estranho demais. Mas mesmo assim, estendi minha mão direita e fiz enfiei meus dedos entre seus cachos loiros. Aquela sensação era tão boa, podia durar para sempre. Essas eram aquelas sextas-feiras que Walker passava em minha casa, e posso confirmar, eram as melhores.

— Definitivamente você tem o melhor carinho do mundo, Hill.

Eu não podia mais suportar isso. Sentia que meu coração ia sair pela boca e a qualquer momento eu iria explodir. Tentava ao máximo que Walker não percebesse isso mas acho que não estava dando muito certo. Eu sabia que ele estava sonolento e que não sabia muito bem o que estava falando ou sequer fazendo, mas isso parecia tão...Real?

NOW

Eu e Momona estávamos no local de sempre, ainda falando sobre o assunto do dia anterior.

— Eu estou totalmente per-ple-xa! — Momona admitiu — Eu não sei nem o que dizer.

— Pois é — Falei — Eu também não sei até agora.

— Ah, se eu me encontrar com aquele desgraçado... — Sussurrou — Eu vou quebrar a cara dele!

— Não precisa, eu já dei um jeito nele.

— Eu não ligo, eu posso dar outro. — Cruzou os braços.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, aproveitei e mudei a música que estava tocando no meu fone.

— E o Walker? — Perguntou — Vocês se falaram depois daquilo tudo?

— Não — Confessei — Não tinha nem como, Momo.

— E por que não? Ele literalmente salvou sua vida! — Exclamou.

— Depois daquele climão que ficou entre a gente? — Arregalei os olhos — Não dá mesmo.

— Você é muito besta, Hillary! Ele literalmente demonstrou de todas as formas possíveis que ainda te considera.

— Se ele realmente me considerasse, não estaria com aquelas pessoas — Falei.

— É — Suspirou — Você tem razão.

*

Na hora do intervalo, antes de descer, fiquei com vontade de ir ao banheiro. Enquanto estava lá, consegui escutar uma conversa que me intrigou bastante.

— E eu soube também que a Heather brigou feio com o Walker. — Uma das garotas falou.

— Sério? Eles terminaram?

— Não, mas parece que brigaram muito feio. Tipo, muito.

E qual foi o motivo dessa briga? Eles eram tão fofos.

— Estão dizendo por aí que foi por causa de outra garota. Parece que a Heather surtou de ciúmes.

— Ah, mas se o Walker realmente estiver com outra garota ela tem todo o direito de surtar!

O resto da conversa eu não prestei mais atenção, porque estava entretida nos meus pensamentos. Relembrei de tudo o que havia acontecido ontem e juntei os pedaços, será?

𝐇𝐄𝐀𝐓𝐇𝐄𝐑, walker scobell.Onde histórias criam vida. Descubra agora