Capítulo Cinco

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                 Talvez sejam os olhos verdes brilhantes, ou a pele em um tom marrom claro que a faz brilhar, ou a voz doce e melodiosa que emite sempre que fala, ou talvez seja apenas a personalidade tranquila e medianamente gentil, mediano porque Astrid não é do tipo extremamente bondosa e empática, tão doce que chega a ser enjoativa, não, Astrid é aquela pessoa agradável que não se importa em ser sincera e um pouco indelicada, apenas quando necessário, claro. A morena nunca seria desagradavelmente sincera apenas para magoar alguém, não quando ela tem seus próprios defeitos para encarar e bater de frente.

                  Seja o motivo que for, o pacote todo acabou atraindo todos os funcionários —Exceto Jean que ainda se mantinha um tanto mal humorado e distante de todos os outros funcionários — para Astrid durante a semana que se passou, ou talvez tenha sido apenas impressão de Evelyn, que assistiu tudo de perto com o pé atrás, não confia em pessoas boas demais, em sua opinião, elas não existem e quando surge alguém assim é porque esconde segredos sujos e feios debaixo do tapete gentil e doce.

                   Naquela tarde de sexta, com cinco dias trabalhados e a coluna levemente dolorida por carregar Udo durante as brincadeiras inventadas por ele e a irmã , Astrid  estava aproveitando as poucas horas de folga que possui um pouco antes do jantar, mas ao invés de ir ao seu quarto descansar — Astrid sempre foi muito proativa — A Yeager decidiu acompanhar Sasha na tentativa de pegar mangas, para a alegria da mulher, Astrid é alta o suficiente para alcançar as suculentas mangas rosadas que ficam nos galhos mais altos, alcançando, no caso com a ajuda de um bambu grande, com maestria as frutas escolhidas a dedo por Sasha, que as devoraria mais tarde, de preferência sozinha e em seu quarto.

                     — Você é um anjo, Astrid, sabe a quantos dias estou cantando essas mangas de longe? - Sasha estava com uma cesta grande e repleta de mangas e mesmo assim ainda encarava a árvore como se pudesse extrair mais dela.

                     Astrid após aqueles minutos de esforço estava uma bagunça, os cabelos despenteados e um pouco de suor escorrendo por sua pele em gotinhas pequenas e tímidas, o sol quente abandonando o dia, porém, seu calor permanecendo para esquentar os corpos já aquecidos.

                     As presilhas, dessa vez amarelas, estavam bem presas no alto da cabeça dela, prendendo com firmeza a franja e evitando que os fios caíssem no rosto e grudassem na testa e têmporas.

                     Sasha que observava de perto o esforço da colega de trabalho pensava o quão adorável Astrid conseguia ser do ângulo que estava, mas não se prendeu nisso, pois viu claramente quando os galhos da árvore se inclinaram para o outro lado do muro, denunciando que alguém também colhia a fruta do lado de lá.

                     E sem perceber Astrid estava no meio do fogo cruzado.

                    — Ei, você está pegando algo que não te pertence. — Sasha gritou, olhando para o muro como se fosse derrubar ele, a cesta firmemente segurada em suas mãos, ela não as soltaria de qualquer forma.

                    — Não é roubo quando está dentro do meu quintal. — A voz masculina fez tanto Astrid quanto Sasha ficarem curiosos com o dono dela, a voz rouca e levemente arranhada é desconhecida pelos dois

                    — Suas definições de roubo estão distorcidas! — Bravejou Sasha, não se deixando abalar ao perceber que discutia com uma pessoa diferente da vizinha que normalmente batia boca consigo durante horas. - Largue esses galhos antes que eu mesma vá aí pegar minhas mangas de volta.

                    Uma risada divertida soou e Sasha levantou as duas sobrancelhas.

                    — Você entendeu? Não mexa no que não é seu. — Disse levantando o nariz, mesmo que o homem não pudesse lhe ver, não perderia sua pose.

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