Capítulo Dezessete

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Moblit observou o rosto da namorada contorcido em confusão e animação, mesmo que ele próprio estivesse um tanto nervoso, não conseguiu ignorar a felicidade sempre tão característica de Amélia, mesmo que às vezes fosse exageradamente explícita.

— Você não vai acreditar! — Amélia exclamou animada, os braços balançando para o alto. — Levi está apaixonado!

Não houve hesitação ou dúvida em sua voz. Moblit precisou piscar algumas vezes e respirar fundo para se situar, era difícil acreditar que Amélia estava falando sério.

— É por isso que pediu para almoçarmos juntos? Geralmente você o faz com seu irmão.—Precisou de muito autocontrole para que sua voz não soasse chateada, mesmo que os problemas de Levi colocassem uma distância dolorida entre ele e Amélia e fossem óbvios, fazia um grande esforço para não se deixar afetar e acabar chateando a namorada.

— Sim, desculpa te tirar do seu trabalho. — A voz da morena soou preocupada e um pouco culpada, porém Moblit logo descartou a preocupação com um sorriso apaziguador.

— Não se preocupe com isso, linda, estou no meu horário de almoço tanto quanto você.

Algo pareceu ter estalado na cabeça de Amélia, seus ombros caíram e sua postura ficou menos ereta, a animação costumeira ainda estava lá, mas não com tanta força quanto antes.

— Então, como assim Levi fucking Agriche está apaixonado? Depois do que aconteceu com a Reiss é difícil de acreditar. — Amélia concordou com a cabeça, olhando sem muito interesse para o menu em cima da mesa.

     — É um fato, amor, tem alguém muito interessante na jogada. — Mesmo que parecesse feliz e animada com a notícia, Moblit pôde ver o vacilo na expressão da mulher que conhecia e namorava a anos. — Mas...

     — Mas?

     — Estou preocupada com ele. — Soltou um suspiro um tanto cansado e carregado. — Eu estive do lado dele desde que a História morreu, descobrir que ela tinha outra pessoa não foi nada perto do falecimento, mas é difícil dizer se ele ainda carrega alguma insegurança quanto a isso.

     — Você acha que alguém pode estar enganando ele? — Moblit foi direto em suas conclusões, lendo e traduzindo Amélia tão bem quanto ela sabia ser possível.

     — Eu não acredito nisso, Levi é esperto, só tenho medo dele se machucar de novo, de não ser recíproco de novo. Ele esperou tanto pela História e no fim as crianças sofreram junto com ele, não sei como seria se acontecesse novamente, se ele conseguiria se levantar.

     A conversa se interrompeu por poucos minutos enquanto faziam os pedidos ao garçom. Moblit respirou fundo quando enfim estavam sozinhos na mesa novamente.

     — Levi é adulto, e seu irmão mais velho. — Não queria ser a pessoa a falar aquilo para a Agriche, mas não podia ficar quieto, sabia ser o único capaz de falar sem machucá-la. — Ele quis ter filhos tanto quanto História, Zoe, é a responsabilidade dele e quando a Reiss morreu você a tomou para você e acabou complicando as coisas, já conversamos sobre isso, se continuar protegendo Levi ele continuará fugindo dos problemas.

     Amélia permaneceu em silêncio por um tempo, olhava suas mãos em concentração, quem a via no dia a dia não apostava em ver a mulher tão quieta e pensativa, mas esse era o efeito de Moblit nela, principalmente quando ele usava seu nome do meio, nome de sua mãe, que não era a mesma que a de Levi. Era nesses momentos que ele fazia questão de trazer a individualidade de Amélia a tona, tirando todo o peso que o sobrenome Agriche trás para sua vida.

     — Você tem razão. — Moblit observou, lá estava sua Amélia sempre teimosa cedendo em mais um assunto difícil, admitindo seus erros, era por isso que a amava. — Eu negligenciei você por tempo demais, vida, me perdoa.

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