— De nada, Astrid. — Respondeu baixo, sabendo que a outra não escutaria devido a seu estado semiconsciente. Suspirou resignado ao tentar se levantar e ter sua roupa agarrada pelas mãos da Yeager, obrigando-lhe a permanecer na cama ao seu lado. Não queria ter que acordar Astrid do estado sonolento, não depois dela ter se recuperado de um ataque de pânico no meio do corredor. Levi já havia visto algumas vezes crises como aquela, contudo cada uma parecia pior que a outra e a forma de lidar com alguém em estado catatônico sempre era diferente. Uma crise mais intensa com certeza não seria resolvida com abraços e palavras reconfortantes.
Tentou sair do aperto firme dos dedos delicados de Astrid novamente, se mexendo mais lentamente para que ela não percebesse a movimentação, entretanto falhou, olhos verdes se abriram lentamente. Primeiro Astrid se sentou assustada, ficando levemente tonta com a movimentação rápida de seu corpo, depois ela pareceu congelar ao perceber que estava deitada com seu chefe bem ao seu lado. Levi não pôde deixar de achar fofo a forma como as bochechas ficaram rubras e o corpo se encolheu em acanhamento.
— O que...
— Você teve uma crise no meio do corredor, eu te trouxe para que se recuperasse. — Informou o Agriche ao perceber a expressão confusa dela.
Não demorou para a consciência do que aconteceu chegasse na morena, que arregalou os olhos, se lembrando do nome citado e do gatilho. Precisou respirar fundo para não perder a cabeça outra vez.
— Obrigada. — Astrid disse, parecia aérea demais para perceber que ainda segurava a camisa de Levi com força, mantendo o chefe ao seu lado na cama.
— Não precisa agradecer, eu não te deixaria passando por aquilo sozinha no corredor. — Respondeu, dando de ombros. — Pode me soltar?A forma como a mão presa em sua camisa se afastou em um puxão assustado divertiu Levi, que levantou uma sobrancelha para uma Astrid encabulada.
— Você está melhor? Quer um chá? — Sabia que precisava sair daquele quarto, porém não podia deixar a mulher de olhos verdes sozinha. Observando bem podia ver que o corpo dela ainda tremia e os nós dos dedos apertados em punho estavam brancos, revelando a força que fazia. Ela ainda não estava bem.
— Estou bem, não preciso de nada. Obrigada. — Novamente Levi revirou os olhos, mas não se mexeu de onde estava.
— Me deixe ver suas mãos. — Ordenou, estendendo as próprias mãos.
— Por que?
— Não discuta comigo, anda, me dê suas mãos. — Mandou novamente, Astrid olhou confusa, variando o olhar para as próprias mãos e as do Agriche, mas não se mexeu. Levi perdeu a pouca paciência que tinha puxando as mãos da Yeager, percebendo que, apesar dela ser mais alta que a maioria das mulheres que já conheceu, possuía mãos relativamente menores que as suas, dedos finos e longos, delicados com unhas limpas e bonitas na ponta, livres de qualquer esmalte. Ignorou a sensação esquisita que se formou em sua barriga após sentir a palma da mão de Astrid contra a sua, como imaginou, elas estavam geladas, provavelmente ela ainda suava frio por conta da crise, não poderia ficar sozinha desse jeito.
— Senhor Agriche?
— Seu horário de trabalho já se encerrou, pode me chamar de Levi. Agora deita.
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A Tutora
RomansaEstava em Toronto fugindo de um passado doloroso e cruel,no auge dos seus vinte e seis anos Astrid Jeaguer só desejava conseguir se esconder do seu inferno pessoal por mais tempo,mesmo que precisasse morar em uma casa no campo,aguentar uma equipe in...