Capitulo Dezesseis

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Astrid ficou em silêncio, sem coragem de perguntar ou saber mais, seu peito já estava apertado o suficiente e se aprofundar no assunto seria apenas tortura. Afinal, o que queria ao perguntar sobre a falecida esposa de Levi? Se eles ficaram juntos é porque se amavam e não havia nada que pudesse fazer quanto a isso. Sempre seria apenas a tutora bonita o suficiente para estar na cama do chefe, nada mais do que isso.

— "Gabi disse que eles eram apenas amigos, então era um amor unilateral e isso torna tudo pior, superar o que nunca teve é muito mais difícil."

— Astrid, o que foi? — A morena piscou confusa, perdido em pensamentos não percebeu o silêncio estranho e a provável expressão esquisita que tomou seu rosto. Coçou a garganta encarando Levi com um sorriso pequeno e falso.

— Vocês se amavam, você a ama, isso é bonito. — O esforço para dizer essas palavras levou todo seu bom humor.

Levi não respondeu de imediato, seus olhos azuis estudaram sem pressa cada traço de Astrid com cuidado enquanto suas mãos apertaram a cintura nua sobre si com pouca força.

— Tch, eu a amava, apenas isso, estamos no presente agora, Astrid, não se prenda ao passado pois eu não estou mais lá.

— O que isso significa?

— Significa que é a sua vez de falar, um segredo por outro, se lembra? — Levi não sorriu malicioso como Astrid esperava, havia apenas uma expressão preocupada e cuidadosa, o Agriche sabia estar pisando em terreno complicado e o cuidado aqueceu o peito da Jeaguer. Nunca imaginaria que Levi seria desse jeito e era surpreendente descobrir tantas facetas boas e agradáveis dele.

Mas isso não significa que Astrid esteja pronta para vomitar seu passado, sua história e suas feridas, havia muito e um peso emocional grande demais para desestabilizar sua mente o suficiente para evitar pensar sobre o assunto. Nunca foi agradável desenterrar a dor e Astrid só queria fugir disso, correr e trancar certas memórias o mais fundo possível.

— Eu...

Levi com certeza notou o quanto ficou perdida, o seu desconforto, as mãos quentes do Agriche correram de forma carinhosa por sua pele, em silêncio, dando tempo, dando apoio.

— Como conheceu Reiner?

Astrid sustentou o olhar pesado de Levi por pouco tempo, entendia o que ele estava fazendo e agradeceu internamente por não precisar falar do pior, Levi estava perguntando algo razoável e se não entrassem em outros assuntos, ficaria tudo bem, esperava que sim.

— Eu morava com meus pais em uma casinha simples na Turquia, minha mãe era natural de lá, meu pai alemão. — Um sorriso nostálgico brotou em sua boca. — Éramos felizes, não éramos mulçumanos como a maioria mas nos demos bem com a comunidade, eu dava um pouco de trabalho na escola, brigava bastante, mas foi uma época boa, meus pais me amavam e faziam de tudo pela nossa família, na Turquia a família sempre vem em primeiro lugar.

Levi moveu a cabeça para mostrar que prestava atenção.

— Friedrich, meu pai, era médico e foi transferido para um hospital na Alemanha e acabamos nos mudando, eu já tinha dezesseis anos e estava me descobrindo, mamãe achou melhor que mudássemos pois seria complicado para mim viver em um país conservador sendo "encrenqueira" do jeito que era, eles queriam o melhor para minha vida. — Olhou para o chão, a culpa estava lá, mesmo depois de anos. — A primeira semana foi boa, fizemos amigos, Reiner é filho de um político importante na Alemanha e era parente de um dos nossos vizinhos, eu me apaixonei por ele muito rápido e foi recíproco, com um mês já estávamos juntos.

— Vocês eram adolescentes, é normal que as coisas fossem rápidas assim. — Levi comentou em um tom leve, porém sua tentativa de aliviar a tensão do ambiente e da conversa não foi o suficiente.

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