Capítulo Doze

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Depois da tarde agradável, Astrid seguiu direto para o quarto, decidida a pular o jantar e aproveitar as horas restantes para descansar. Apesar de fazer com um sorriso no rosto, a função de tutor em período integral sugava toda a sua energia e deixava seu corpo e mente cansados a ponto de reconhecer que dormir algumas horas a mais em sua folga não faria mal. Mas dormir também não foi fácil, o assunto evitado durante todo o passeio com os colegas veio com toda a força, sua mente trabalhando mais do que gostaria, talvez devesse ter tomado um pouco mais de álcool. Apenas não queria processar que de alguma forma seu chefe, sabia sobre o fato de estar se escondendo de alguém, não era confortável ou bonito se imaginar nessa situação, não queria suas fragilidades expostas dessa forma.

       Como Levi havia descoberto? como ele soube? Vide a compreensão e a boa vontade do mais velho em entender seus motivos, não conseguia imaginar um cenário em que ele estaria investigando sua vida, não havia motivos diretos para isso. Seus pesadelos ou suas crises de pânico não poderiam ser o suficiente para o homem ir tão longe, seria? Subitamente se lembrou de Evelyn o nome tocado, do gatilho que ela ativou apenas em perguntar sobre uma pessoa em específico, seria possível que a loira tivesse ido atrás de informações sobre sua vida apenas por ciúmes de Jean? Se foi ela quem terminou com o Kirsten, qual seria a razão para ir tão longe?

       Entendia toda a preocupação com as crianças, principalmente por ser uma mulher que guarda tantos segredos, mas não conseguia pensar em um motivo forte para existir tantas desconfianças. Coçou os olhos que marejaram pelo tempo que ficou olhando para o teto fixamente. Haviam perguntas demais sem respostas e sentia que estava deixando algo passar, ou era apenas as canecas de cerveja que tomou agindo sob sua mente? Talvez fosse isso.

Resolveu que o melhor era dormir, nos dias que passariam tentaria falar com Evelyn, explicar a situação e quem sabe construir uma relação melhor com a loira, talvez assim ela explicasse seus motivos e contasse o que de fato incomodava a ponto de pesquisar sobre si.

Definitivamente não conseguia acreditar que Levi tinha feito tal coisa, não fazia sentido.

— "Também não faz sentido ele querer me ajudar com as crises" — Pensou torcendo o nariz para si mesma. — "Agora estou mais confusa do que antes."

Pensar sobre o Agriche se tornou confuso, ao mesmo tempo que desejava sentir novamente aqueles lábios sobre os seus e as mãos possessivas em seu corpo, também via um enorme aviso de perigo se formar em volta do mais alto. Não sentia a mesma taquicardia ou o desespero doloroso que lhe abatia sempre que tentou avançar dos beijos para uma relação sexual, com Levi pareceu fácil, sem nenhum esforço o homem havia se colocado como um ponto de conforto para sua mente quebrada.

— "Tinha que ser logo com o meu chefe? Ele já parece impossível demais para mim..."

Resmungou poucas palavras enquanto o sono finalmente tomava conta de seu corpo, levando lentamente sua consciência. Pensou que dormiria demais por ser domingo, mas acabou acordando cedo, assistindo de sua cama o espetáculo de cores refletidas do sol nascendo por entre as cortinas claras, não havia percebido antes a vista que tinha dali, com certeza era um bom quarto. Sem perceber, enquanto o sol acordava, acabou cochilando enquanto o dia acordava, o corpo preguiçoso relaxado e afundando no colchão.

Acordou novamente com o barulho da porta abrindo, dessa vez, seu sono não foi tranquilo e no susto se sentou, pousando a mão no peito e sentindo as batidas fortes de seu coração. Estava tão presa pensando no sonho, que na verdade era uma memória dolorosa, que esqueceu-se da pessoa que entrava em seu quarto, ela estava agora ao seu lado, estendendo a mão em direção a sua testa, os olhos azulados refletidos em preocupação.

— Você está bem?— A voz de Levi causou mais susto do que o toque que se seguiu, fazendo a morena pular levemente no colchão macio. — Desculpe, pensei que tivesse me percebido.

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