Toda vez que Isaac passava por Licas ele apenas o ignorava, nem se quer olhava na cara dele, as vezes esbarrava no ombro de propósito. O garoto o provocava dizendo mudo na hora da aula " eu te amo" e depois falando com o Jordan. Isso estava o deixando louco e com um certo ódio dos dois. Um certo dia Isaac sentou-se na sua frente e mandou um bilhete.
" Está tudo bem com você? Parece péssimo". Dizia em caneta preta.
" Sim está. Estou ótimo. Que nem você com o Jordan". Jogou em cima da mesa dele.
" Deixa de ser bobo. Eu te amo! E só você!" Nem olhou pra trás, só jogou o papel.
" É... e eu também". Antes que Isaac pudesse ler a professora passou perto rapidamente e levou o papel consigo o que fez Lucas ficar em choque. Com certeza chegaria as mãos da mãe dele. Isaac olhou para trás com os olhos arregalados e a respiração ofegante.
- E agora?- Disse.- O que faremos?
- Eu não sei...- Respondeu Lucas.- Vamos esperar... talvez ela esqueça.- Esboçou um sorriso.
- Não ela não vai.- Estava claramente aflito.
- Calma! Vamos esperar.- Daquele momento em diante decidiram se manterem distantes um do outro apesar de que isso não ajudaria em nada.
Se passaram duas semanas e nada, nenhum sinal de desconfiança de ambas as mães até que chegou o dia da entrega de boletins. Lucas estava calmo, mas Isaac... estava muito nervoso mesmo com tudo isso. E no dia tão temido sua mãe estava lá e foi chamada pelo coordenadora do colégio para conversar.
- Lucas, ei Lucas.- Botou a mão sobre o peito dele para para-lo.- Minha tana sala da bruxa conversando com ela. Será que...
- Não! Não vamos pensar nisso.- Disse Lucas.- Vai dar tudo certo...- Pôs a mão no rosto dele e foi para o portão onde adorava ficar, olhando o movimento, os carros, as pessoas e então veio Isaac com um expressão muito triste no seu rosto.
- Lucas...- Alice passou pelos dois bufando e pisando forte.- Não posso mais falar com você. Tchau.- Passou pelo portão.
Naquele momento Lucas perdeu o chão e ficou ali no portão, parado, olhando pro nada. Sentiu uma lágrima correr o seu rosto e foi para sua casa antes mesmo de sua mãe sair da sala de reunião. Foi pra casa andando rápido. Não sabia mais como conseguiria viver sem Isaac, tudo o que queria era pegar umas das facas de sua mãe e enfiar na própria barriga e sangrar até morrer nos degraus de sua escada. Atirou-se no sofá e ali desabou em lágrimas quando sua mãe chegou.
- Meu filho. O que foi? O que aconteceu? Está bem?- Perguntou ela abraçando o filho e o examinando dos pés a cabeça.
- Sim está, está tudo bem.- Soluçou.- Só bati meu dedão do pé ali no armário e doeu bastante.
- Hmm, sei. Vai tomar um banho, vai.- Beijou a cabeça dele.- Vai ficar melhor.
Subiu as escadas e tomou um longo banho onde chorou mais e mais. Depois desse dia estava decido a não chorar mais por Isaac tão cedo. Deitou-se na cama e pegou um celular mandando uma mensagem pra ele.
" Isso é sério? Não vai falar comigo nunca mais? " Depois de longos minutos veio a resposta.
" Lucas me desculpe. Não queria que fosse assim, mas não quero desobedecer minha mãe. Entenda por favor ". Respondeu ele mandando uma carinha triste do whatsapp.
" Muito bem. Um dia espero voltar a falar com vc. Até lá ". Lucas sentiu como se fosse um facada no peito.
" Até ".
" E. Eu te amo ". Desligou o wifi e foi dormir pensando nele.
Todos os outros dias foram passando e passando e passando. Lucas e Isaac não trocam mais palavras, apenas olhares e ninguém da sala entendia por que um amizade tão bonita como a deles acabou de uma hora pra outra. O ano chegava ao fim e tudo estava certo para o ano que vem. Estudaria na mesma escola e por uma rasão do destino, Isaac também iria. No final daquele ano todos estavam felizes por terem passado e para a alegria ( ou azar ) de Lucas, seu querido ex-amigo havia voltado a falar com ele. Não era mais como antes, mas já era um bom começo. Sentiu dentro de si que seria um ano diferente, um ano melhor e estava pronto pro que der e vier.
- Filho?- Lá vinha Luiza descendo a escada e tirando uma grande tora do forno.- Venha comigo.
- Para onde?- Perguntou Lucas.
- Dar boas vindas ao nossos novos vizinhos, ora.- Explicou.
- Claro. Se não matarmos ele com essa torta, ficarei feliz.- Ele era bem sincero e brincou com o grande " talento " da mãe.
- Ha ha ha.- Riu em um tom totalmente irônico.- Muito engraçado você, devia ser comediante. Vamos.
Saíram e foram para a casa ao lado que havia um carro grande parado à frente e várias caixas pelo quintal. Luiza tocou a campainha e uma mulher branca com cabelos negros atendeu a porta ao lado de um homem alto e moreno.
- Boa tarde.- Disse Luiza.- Somos os vizinho da casa ao lado e viemos dar boas vindas a vocês e também trouxemos esta torta.
- Obrigada. Muito obrigada.- Disse a dona da casa.- Venham entrem, entrem. Vamos comer juntos. Eu sou Selma e este é meu marido Fernando.
- Muito prazer em conhecer vocês.- Apertou a mão dele.- Eu sou Luiza e este é meu filho Lucas.- Apontou para ele que apertou a mão de seus novo vizinhos.
Eles entraram na casa que ainda se encontrava vazia com apenas algumas caixas espalhadas.
- THIAGO!- Gritou Fernando no pé da escada e um garoto moreno de cabelo liso com um óculos desceu com o celular na mão.- Esses são nossos novos vizinhos. Luiza e Lucas.- O garoto olhou para Lucas e um arrepio percorreu sua espinha.
- Prazer.- Estendeu a mão.- Thiago
- Luiza. O prazer é todo meu.
- Lucas.- Apertou a sua mão e seu braço arrepiou-se.
Todos foram para a cozinha e durante a refeição Thiago não tirava os olhos de Lucas que ficava sem graça com tudo aquilo. Começou a reparar melhor em Thiago. Era um menino realmente bonito. Pele morena clara sem nenhuma espinha ou cravo, cabelos lisos e negros, um boca pequena e um nariz afilado. Sentiu-se bem naquele lugar mas estava decido a não se apaixonar tão facilmente.