A luz tênue e vacilante da tocha acompanhava os passos pesados dos guardas ao se aproximarem da solitária de Loki as correntes se arrastaram pelo chão de pedra enquanto os guardas se aproximavam, segurando uma bandeja de comida.
O Deus da Trapaça estava encostado em um canto escuro sentado no chão de pedra fria, a mínima luz que foi direcionada à ele pelos guardas fez com que seus olhos se fechassem de imediato, por conta do breu constante, eles haviam perdido o costume da luminosidade fora dali, seus olhos verdes brilhavam fracamente em contato com a luz da tocha que brilhava ferverosamente na mão de um dos guardas que ficava de vigia na porta, a chegada dos guardas não havia despertado nele qualquer interesse, seus cabelos negros caíam desgrenhados sobre o rosto pálido e sombrio.
Guarda: Comida para você, Loki, o rei exige que se alimente - disse um dos guardas, com um tom indiferente, como se não se importasse com o prisioneiro, eles colocaram a bandeja no chão, um amontoado de comida sem gosto e água em um jarro de barro com a mesma ja envelhecida
Loki ergueu o olhar para a comida, mas não fez menção de se mover, seus olhos não viam a comida diante dele, mas sim a imagem de sua esposa, seu sorriso gentil e as palavras amorosas que ela deixara na carta.
Loki: Não tenho fome - murmurou Loki, sua voz carregada de desânimo e desgosto, ele não tinha interesse algum na comida que havia sido trazida naquele dia, assim como nos anteriores
Os guardas, sem interesse na resistência de Loki, apenas suspiraram resignados dizendo:
Guarda: Como quiser, mas acabara morrendo de fome aí dentro.
Assim que os guardas se retiraram e o som dos passos se dissipou, Loki permaneceu imóvel na escuridão, sua mente se tornou um turbilhão de pensamentos e emoções, a carta que Lyra nunca havia sequer mencionado para ele, suas palavras de amor e preocupação, ecoavam em sua cabeça como um looping vicioso.
Ele se encolheu, abraçando os joelhos com uma das mãos, mergulhando em uma reflexão profunda enquanto com a outra ele usava sua adaga afiada para riscar as paredes de pedra da cela em um padrão irregular e desordenado, gravando contagens aleatórias sentindo o eco de seus suspiros angustiados reverberarem por entre as barras finas da porta e do ambiente sombrio.
Quarenta dias e noites haviam se passado desde que ele havia sido trancafiado à mando do Pai de Todos, cada segundo que se arrastava naquele pequeno cubículo parecia como uma eternidade para Loki, Thor e Frigga não o visitaram sequer uma só vez, ele pensara que talvez teriam sido proibidos pelo velho tolo que havia o criado, ele se pegou pensando em Lyra mais uma vez enquanto um silêncio pairava sobre ele como um manto gigantesco, alimentando mais sua sensação de abandono e solidão.
Loki: Lyra... minha doce Lyra, por favor me leve contigo para um lugar onde minha alma encontre paz - ele murmurou para si mesmo, sua voz ecoando nos cantos sombrios da solitária
O ar estava impregnado com um cheiro insuportável de mofo e tristeza contínuos, aquilo havia se tornado tão pesado quanto a culpa que recaía em seus ombros desde o dia que ele e a esposa enfrentaram Odin juntos, ele se sentiu incapaz por diversas vezes pensando em maneiras que pudesse ter agido diferente, ele encarava os riscos em traços desalinhados na parede à sua frente porém nenhum deles podia apagar a dor que sentia, as memórias guardadas o assombravam como entidades ecoando em sua mente como um lamento constante.
No entanto, entre aqueles resquícios de desespero e culpa, uma faísca começou à surgir nos olhos azuis de Loki, ele sabia que precisava virar aquela situação à seu favor, encontrar uma maneira de escapar daquele buraco escuro.
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A Adaga e o Diamante
Fanfic•Eles são dois deuses criados pelo Pai de Todos e eventualmente se apaixonam, o que poderia dar de errado em um romance entre o Deus da Trapaça e a Deusa do Caos? O destino dos amantes divinos pode influenciar o equilíbrio do cosmos e do universo, o...