Capítulo 24

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"Laços de sangue, o suor do parto, o cordão umbilical, tudo aquilo havia unido e reecontrado uma pessoa na qual Naelyra nem em um milhões de eras esperava ver bem diante de seus olhos."

– Mãe? - a simples sentença escapou da boca do alto jovem como um sussurro completamente surpreso.

Lyra piscou duas vezes, confusa, "Mãe" essa pequena palavra parecia ecoar dentro dela, trazendo à tona memórias fragmentadas e um certo vácuo em seu peito.

– Eu... - ela começou, mas sua voz falhou, sendo interrompida por um enlace carinhoso do rapaz

A ruiva permaneceu imóvel por um momento, completamente atônita quando sentiu os braços do mesmo se fecharem ao redor dela em um abraço apertado e desesperado, o gesto era tão inesperado, tão carregado de emoção, que ela quase perdeu o equilíbrio.

– Você não sabe o quanto esperei por isso... - murmurou ele, a voz baixa e embargada.

Naelyra simplesmente não sabia como reagir, aquele jovem era uma variante de um filho que ela nunca teve a chance de criar ou sequer conhecer, alguém que carregava o mesmo sangue dela, o mesmo caos em sua essência, e ainda assim era um estranho para ela, por enquanto.

– Esperei tanto para ver você de novo, mãe... - continuou ele, apertando-a ainda mais, como se temesse que ela pudesse desaparecer a qualquer instante.

Lentamente, suas mãos trêmulas se ergueram, hesitando antes de envolverem o jovem em um abraço tímido, sentindo as lágrimas quentes dele molharem sua camiseta branca, que ainda continha a mancha de sangue de seu prévio ferimento, parece que um estalo ecoou pela mente do rapaz, fazendo com que ele se afastasse levemente de sua auto proclamada mãe, dando um riso para a mesma.

– Onde eu estava com a cabeça.. eu nem sequer me apresentei - com ternura ele pegou as mãos da ruiva, acariciando as costas com os polegares - Eu sou o príncipe Eirikr, de Asgard, me chamam de o mediador de onde venho

A ruiva parecia mais do que interessada em saber mais sobre o jovem príncipe, logo, eles começaram a caminhar pela versão destruída da cidade onde se encontravam naquele momento.

A metrópole em questão parecia ter sido arrancada de uma pintura pós-apocalíptica, prédios outrora imponentes estavam reduzidos a esqueletos de concreto duro e cinza, suas janelas quebradas formando dentes irregulares contra o céu sombrio, as ruas, cobertas por um manto de poeira e detritos, estalavam sob os pés deles, não havia som de pássaros, apenas o vento sussurrava, carregando consigo um eco de desolação.

Lyra seguia ao lado de Eirikr, com os olhos frequentemente caindo sobre ele, prestando mais atenção em suas roupas, suas vestes azuis escuras que ele usava pareciam ter absorvido a melancolia daquele lugar, mas ainda assim exalavam um ar da nobreza de sua terra natal, o tecido, pesado e ornamentado com bordados dourados em padrões de luas e runas antigas, refletia uma luz quase fantasmagórica sempre que passavam por feixes de claridade que escapavam entre os escombros, a capa longa que ele usava, rasgada nas bordas, arrastava levemente no chão, porém não diminuía sua grande aura.

– Foi exatamente assim que Asgard ficou... - ele indagou de repente - Depois do Ragnarok, tudo o que restou foi poeira e algumas memórias ruins.

A ruiva notou que em sua mão direita apertava a haste de sua adaga de cabo branco, ela se assemelhava a um ponto de ancoragem para ele, algo que o trazia grande conforto.

– E você? - ela questionou com suavidade, desviando os olhos para a paisagem destruída, freando seus passos próxima de um pequeno lago. - O que restou acha que restou de si mesmo?

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⏰ Última atualização: Feb 10 ⏰

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A Adaga e o DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora