Capítulo 22

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"Desmascarar os Guardiões do Tempo revelou uma verdade ainda mais sombria, e uma perda inesperada mudaria tudo em direção à um destino desconhecido para a Deusa do Caos e o Deus da Trapaça."

[Flashback - Midgard, Noruega - Tønsberg (812 D.C)]

A noite em um dos nove reinos estava iluminada por fogueiras dispostas ao redor da vila viking, cada chama lançando sombras dançantes sobre as construções de madeira, a música vibrante dos tambores e das flautas ressoava pelo vale, enquanto os mortais se entregavam à festa com vigor.

Vestidos como simples camponeses, Loki e Lyra se misturavam facilmente, atraindo apenas olhares rápidos e nada suspeitos.

Loki usava uma túnica simples e uma capa escura, mas a maneira como seu olhar percorria o ambiente mostrava que sua presença era forte, menos comum, Lyra, com o cabelo em uma trança solta e envolta em tecidos rústicos, parecia uma jovem do vilarejo, no entanto, para ele, era como se ela emanasse um brilho próprio, e a tensão latente entre eles se tornava impossível de ignorar, ambos trajavam preto para se destoar um pouco do marrom característico dos trajes dos camponeses.

Adentrando a grande cabana feita de pedras e madeira, eles foram recebidos pelos famosos vikings que lhes deram taças de hidromel, bárbaros esses que consumiam bebidas como se fossem água potável, alguns riam, alguns brigavam, ou apenas aproveitavam de suas companhias, era irônico pensar que eles não faziam ideia de que estavam na presença de dois deuses na qual deveriam rezar e culturar quase que diariamente.

No meio da celebração, Laufeyson estendeu a mão para Lyra com um sorriso contido.

– Não devíamos nos infiltrar no meio dos mortais, irmão

– Ora vamos lá, ninguém aqui nos conhece afinal, quero ter a honra de dançar com você - sussurrou, inclinando-se o suficiente para que apenas ela o ouvisse, sem esperar resposta, puxou-a para o centro onde os aldeões dançavam, girando e pulando ao som da música.

{00:00/03:50 - Veturinn - Heldom, Eolya}

O ritmo contagiante da dança os alegrou, enquanto rodopiavam pelo salão, as mãos dele encontraram a cintura dela, guiando-a com precisão, Lyra deixou-se levar, seus passos alinhando-se aos dele, sentindo a energia quase eletrizante entre eles, as risadas dos dois se misturavam ao som ao redor, mas havia algo nos olhos de Loki, uma certa paixão misturada à intensidade que ele tentava esconder, mas que escapava em olhares furtivos, como se a proximidade fosse ao mesmo tempo deliciosa e dolorosa.

Aquele lugar nem de longe podia ser comparado com Asgard, ali, a dupla tinha liberdade, podia agarrar todos os sentimentos e sensações a flor da pele como se fossem escapar pelo vento, a ruiva sempre se perguntara como seria sua vida se fosse apenas uma mortal e ver moças ao seu redor a confortava de alguma maneira, se sentia incluída, se sentia verdadeiramente em casa.

Ser uma divindade com certeza muita das vezes era cansativo, as responsabilidades de ser um Deus pesavam mais sobre os ombros de Loki, guerras, sangue, deveres e morte o rondavam no palácio dourado, um escape não lhe caía mal, ainda mais se fosse com uma companhia tão agradável quanto o espírito livre da princesa.

Em um movimento ágil, o trapaceiro a segurou pela cintura e a fez girar, uma vez e depois outra, cada volta arrancando risadas da mesma, riso esse que se misturavam ao ritmo das melodias, o calor do fogo das tochas refletiam as belas órbitas azuis de ambos, e as chamas dançavam, refletindo um no outro a mesma faísca como se estivessem em sintonia pura, o olhar intenso de Loki seguia cada expressão de Lyra — o sorriso, o brilho em sua íris, o cabelo ruivo que se assemelhavam muito com as chamas próprias da cabana, ela era uma jovem de tirar o fôlego.

A Adaga e o DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora