Capítulo 10

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Phillip

Combinei que jantaria com Eloise e depois mostraria a ela a casa e a biblioteca, onde tenho alguns livros que podem interessá-la. O desejo dela por conhecimento me fascina, não é como se eu fosse um grande defensor dos direitos das mulheres e dos desfavorecidos, mas não sou um ignorante no assunto, nem sou contra suas ideias. Gosto de perceber que ela pensa por si própria e tem seus próprios interesses.

Colhi rosas cor-de-rosa e pedi que colocassem em um vaso na mesa de jantar. Eu disse que a esperaria às 7 horas e faltam 3 minutos. Três longos e intermináveis minutos. Imagino ela descendo as escadas em um vestido azul. Pelo que vi de manhã, ela fica perfeita de azul. Contei cada segundo do ponteiro do meu relógio de bolso e quando deu 7 horas em ponto, ela apareceu. Guardei meu relógio e a olhei esperando que descesse da escada. Ela está em um vestido de noite azul, como imaginei, os cabelos em um coque e duas mechas soltas em volta do rosto. Uma visão deslumbrante, quando percebi havia prendido o ar como se nem ele pudesse me atrapalhar de desfrutar a visão que tenho.

Eloise desceu cada degrau e quanto mais próxima estava, maior minha ansiedade. Faltava três degraus para chegar a mim quando escorregou. Por sorte, consegui alcançá-la a tempo e segurá-la pela cintura, porém nossos corpos ficaram muito próximos, a ponto de poder ver seus olhos azuis refletirem os meus. Senti meu coração trepidar, assim como a chama das velas que iluminam a sala.

— Eloise...

— Phillip, pensei que fosse cair.

— Nunca a deixaria cair.

O cheiro dela é doce, a pele dela é macia e sinto meu corpo aquecendo só de tê-la tão perto. De repente, ela se pôs de pé e se afastou de mim.

— Não sei como escorreguei, já corri escada a baixo milhares de vezes e nunca nem tropecei.

— Sinto muito, meus filhos deixaram bolas de gude nos degraus. — Apontei para as bolinhas no degrau que ela se desequilibrou.

— Mas é perigoso! Podia ser você, um criado ou até eles a cair!

— Eu sei, mas não me obedecem. Expliquei várias vezes o quanto é perigoso, mas não adianta.

— Eles têm um gênio, não vai ser fácil educar.

Olhei para baixo, preciso de uma boa babá o quanto antes. Vou tentar esquecer o assunto filhos por um instante. Ofereci o braço e ela aceitou. Quando chegamos à sala de jantar, haviam velas espalhadas pela mesa e as flores que colhi postas em um vaso.

— São bonitas essas rosas, não as vi antes.

— Colhi a pouco, para você.

Ela pareceu sem jeito, percebi sua face corar. — Fez bem à decoração. Leu o que te mostrei?

— Sim, não tudo, mas já tenho algumas opiniões.

— E o que pensa?

— Depois do jantar lhe digo, primeiro deveríamos desfrutar nossa refeição.

— Se prefere assim.

Jantamos enquanto conversamos sobre assuntos variados e me espanta perceber que posso falar à vontade com uma pessoa e me sentir acolhido sendo quem sou. Quando terminamos de jantar, a acompanhei pelos corredores, enquanto íamos a biblioteca.

— São seus avós? — Apontou para um quadro na parede.

— Sim.

— E esse é seu pai? — Olhava para um quadro onde estava meu pai em sua farda militar, meu irmão, e eu.

— Sim, o garoto mais alto é George, meu irmão.

— Seu pai parecia bem rígido. Se vê pela postura.

Com amor, EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora