Capítulo 9

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Phillip

Eu já esperava que a srta. Eloise possuísse uma forte personalidade, mas não pensava que estaria me dando ordens meia hora depois de nos conhecermos. E eu obedeci, porque ela tem razão. Às vezes eu não imponho limites e acabo me sentindo culpado, pensando se teria a mesma atitude se fossem meus filhos biológicos. Eles só tem a mim e não sei se estou desempenhado meu papel da melhor maneira. Fui à beira da escada gritar meus filhos.

— Oliver! Amanda! — Cruzei os braços esperando as duas crianças de cinco anos descerem as escadas até estarem de frente a mim. — O que aconteceu?

— Não aconteceu nada — Oliver respondeu.

— Eu ouvi gritos.

— Foi Amanda.

— Sim, fui eu — ela admitiu. Esperei eles explicarem, mas acho que seria demais querer que crianças tão novas sejam elaboradas. Terei que interrogá-los.

— Por que gritava, Amanda?

— Por causa da rã.

— Uma rã?

— Na minha cama.

— E quem colocou a rã lá?

— Eu! — ela disse sorrindo.

Se ela mesma pegou a rã por que está com medo? Não entendo. — Por que ela estava em sua cama?

— Porque eu coloquei lá. Não é óbvio, papai?

— Não é óbvio, por que colocaria uma rã na própria cama?

— Porque eu quis, ora.

Ouvi a srta. Eloise soltar uma risadinha atrás de mim. Ela deve estar se divertindo muito com minha situação. Respirei fundo, trazendo toda a minha paciência.

— Por que quis colocar uma rã em sua cama?

— Queria que ela tivesse filhotes.

— E os girinos nasceriam na sua cama?

— Sim, eu gosto da minha cama, acho que é o melhor lugar para os filhotes crescerem.

— E eu a ajudei — Oliver falou com muito orgulho de seus atos.

— Não tenho dúvidas, Oliver. Então qual o motivo dos gritos?

— Eu coloquei embaixo do travesseiro e esqueci, quando me deitei fiquei assustada porque o travesseiro começou a pular.

Ouvi a srta. Eloise rindo de novo, ela deve achar que está em uma peça de comédia.

— Gritou tão alto — Oliver ergueu as mãos para mostrar o quão alto. — Achei que ir morrer de grito.

— Pessoas morrem de grito, Oliver? — perguntei, curioso.

— Não sei , nunca vi ninguém morrer.

— Não quero saber de nenhuma rã em casa, entendido? — Olhei para os dois.

— E sapos? — Oliver perguntou.

— Nenhum anfíbio — falei sério.

— O que é anfi... afiblio?

Olhei para baixo e soltei uma risada discreta. — Anfíbios são... quer saber, não quero rãs, nem sapos, nem grilos ou outros insetos.

— Mas eu gosto dos grilos! — Amanda disse brava.

— Então deixamos os grilos, mas não quero rãs, nem sapos aqui dentro.

— Mas e se morrerem de frio lá fora?

— Sapos não sentem frio.

— E as rãs? — Oliver perguntou e suspirei.

Com amor, EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora