Capítulo 3

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Eloise

Minha mãe praticamente me intimidou a acompanhá-la à modista, junto com Francesca, para experimentarmos nossos vestidos para o primeiro baile da temporada. Pensei que seria apenas mais uma entediante prova de vestidos, mas quando estava sendo espetada pela madame Delacroix, vi Penelope entrando pela porta. Meu coração acelerou por uns segundos, faz tanto tempo que não nos vemos, é estranho. Tentei desviar o olhar enquanto a percebi me encarando sem disfarçar.

— Lady Featherington, que alegria vê-la — minha mãe a cumprimentou e olhou para Penelope. — Há quanto tempo, querida, sinto falta das suas visitas.

— Eu também, Lady Bridgerton, eu estava..

— Ela está muito ocupada, Lady Bridgerton — a senhora Featherington respondeu pela filha. — Sabe, com o início da temporada é hora dela procurar um marido. Por isso precisamos de belos vestidos. Que tal um amarelo com flores bordadas de vermelho?

Vi a expressão de desgosto de Penelope pelo reflexo do espelho, eu sei bem que ela não gosta das roupas que sua mãe a faz vestir. É estranho que apesar de não sermos mais amigas ainda me preocupo com ela. Os sentimentos podiam apenas desaparecer, mas insistem em permanecer e martelar constantemente no peito, assim como as lembranças que me perseguem onde quer que eu esteja.

Percebi Penelope me olhando novamente e desviei o olhar para baixo. Vou fingir que ela não está aqui. Desci da banqueta e fui me trocar, mas quando saí do trocador, Penelope me esperava.

— O que você...

— Eloise,  deixe-me falar! — Ela segurou meu braço e o afastei levemente.

— Não tenho nada para falar com você. Não quero que minhas palavras apareçam no folhetim de Lady Whistledown amanhã.

— Eloise, você é minha melhor amiga, por que não pode tentar me entender? — Percebi os olhos dela marejando, mas me mantive impassível.

— Eu era sua melhor amiga, não sou mais. Não me interessa entender uma traidora. — Cruzei os braços e a encarei.

— Egoísta como sempre — Penelope sussurrou.

— O que você disse? Me chamou de egoísta? — quase esbravejei em voz baixa.

Penelope me encarou. — Sim, egoísta. Você só pensa em si mesma, Eloise. E ainda se acha no direito de me julgar e de me excluir da sua vida, como se tudo que vivemos não tivesse significado nada.

— Ah! — Soltei um suspiro indignado, então ela mente para mim, me faz de idiota, e ainda me chama de egoísta? Eu devia fingir que não ouvi. — Eu nem vou questionar, Penelope, você claramente perdeu o senso de ridículo.

— Está vendo, nem tem argumento para me responder. Eu sinto muito sua falta, você sempre foi tudo para mim, eu não tinha ninguém que me olhasse ou que se importasse com minha presença, mas você era minha melhor amiga e está sendo doloroso viver sem você, foi péssimo não poder te contar tudo que estava acontecendo. Eu fiz tudo para te proteger.

— Do mesmo modo que destruiu a reputação da sua falecida prima para proteger o Colin. Tudo que você faz usa a desculpa de que foi para proteger alguém, mas no fundo só quer proteger a si mesma. Acha que pode ter controle da vida de todo mundo por estar no anonimato.

— Não, eu não... eu quis te proteger da rainha, o único modo dela parar de suspeitar de você seria se a Lady Whistledown falasse algo da sua vida, mas eu nunca quis te prejudicar, Eloise, eu juro.

— Eu não sei se consigo acreditar em você, Penelope. E pensar que meu sonho era encontrar a brilhante Lady Whistledown, e você vendo o tempo todo o meu esforço, provavelmente pensando no quanto eu era idiota. Como pode esconder um segredo desse de alguém que considera amiga? Você não era minha amiga de verdade, Pen.

Com amor, EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora