Capítulo 18

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Eloise

É estranho voltar a Romney Hall sabendo que é minha casa a partir de agora. Passamos todo o percurso calados, muito porque eu estou calada. Imagino que Phillip esteja estranhando meu silêncio, mas meus pés batem no piso. É inevitável que toda essa situação me deixe em agonia, afinal ficaremos sozinhos de fato, sem as crianças, com o mínimo de criados na casa. Tudo para que nada atrapalhe nossa "lua de mel". Saber do que se trata não me deixa mais tranquila.

— Está nervosa? — ele me perguntou.

— Sou assim, costumo ser agitada.

— Notei.

— E o senhor sempre tão calado? — Ele está de frente para mim, mesmo assim parece esquivo.

— O que eu deveria dizer? 

 — Não sei, sou sempre eu que começo a falar. 

— Você é melhor nisso do que eu. 

— Eu sou boa em conversar, Penelope que o diga. — Eu sorri e me mexi no banco ajustando meu vestido. — Esse vestido me incomoda, rendas demais. Pelo menos no campo eu não preciso viver cheia de plumas e brilhos.

— Fico contente que esteja vendo vantagens em morar comigo. Eu sei que não é seu sonho, mas podemos dar certo.

Suspirei e acabei pensando em voz alta. — Ainda bem que desisti de fugir.

— Pensou em fugir? Por isso demorou a chegar? — a voz dele está carregada de indignação, acho que falei demais. Porém não somos casados? Deveríamos ser honestos. 

— Sim, confesso. Mas Anthony me fez lembrar do quanto temos deveres e responsabilidades. E eu não poderia deixá-lo passar por uma humilhação, você não merecia ser abandonado, não depois de tudo que passou com Marina.

Os olhos claros dele estão arregalados, acho que não esperava minha sinceridade. Ele olhou para baixo e mordeu os lábios, de repente voltou sua atenção a mim. — Pensei... pensei que... tinha algum afeto por mim. Não que eu era a sua responsabilidade. Se acha que a vida comigo é um destino tão terrível, deveria ter fugido. Não preciso da sua pena, Eloise. A última coisa que um homem deseja saber é que sua esposa se casou com ele por pena. Nem a gratidão de Marina era tão ofensiva.

Não pensei que fosse magoá-lo por ser honesta, não é como se nós tivéssemos nos casado por amor para que ele queira que eu seja sentimental ou sei lá o que apaixonados fazem. Porém, não gosto da forma com que ele me olha, é a primeira vez que o vejo me olhar de forma fria.

— Eu não quis dizer isso, Phillip. Eu só me apavorei antes do casamento, eu não me sentia pronta, apesar de entender que é o melhor para mim, eu nunca pensei que esse dia fosse acontecer, senti medo das mudanças. 

— Entendo que estivesse assustada, mas acha que a farei tão infeliz? Talvez preferisse um noivo que pudesse lhe oferecer mais? Um duque como o marido de sua irmã? Eu sei que poderia conseguir coisa melhor que eu, sinto muito pela sua sorte.

É difícil acreditar que ele pensa que sou assim. Como se eu ligasse para aspectos superficiais!

— Não! Não é você o problema, e se me conhecesse um pouco melhor saberia que não ligo para as aparências, muito menos para títulos e posses! O motivo é que tudo isso é muito novo para mim, por muito tempo eu nem cogitava a possibilidade de me casar, nunca quis ter filhos, sendo sincera, não gostava de crianças, as fazia chorar. Eu pretendia me tornar uma solteirona e ter meu foco em outros interesses. O casamento ainda era uma ideia abstrata. 

— Nunca quis ter filhos? E me diz agora? Imagino que as crianças sejam um grande incomodo para você. — Ele olhou para a janela. — Não se preocupe, a babá Edwards voltou, não terá que se preocupar com os gêmeos. 

Com amor, EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora