Capítulo 1

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Eloise

Já faz um ano desde a última vez em que Penelope e eu nos comunicamos. Desde que fui exposta pela Lady Whistledown, ou melhor, pela pessoa que eu considerava minha melhor amiga. Embora tudo pareça igual na minha vida, há a sensação de algo está faltando. Às vezes sinto que não há ninguém com quem eu possa ser completamente eu mesma.

Penelope não apareceu em nenhum evento social nos últimos tempos, porém, acredito que com o início da temporada será inevitável vê-la e eu não faço ideia de como me sentirei ou qual será minha reação. Eu não a odeio, a odiei quando descobri, mas tudo que vivemos faz impossível que eu mantenha sentimentos ruins por ela. Apesar disso, ainda não sei se sou capaz de perdoá-la ou mesmo entendê-la, para mim ocultar um fato tão relevante e que era tão importante para mim é uma traição, sem falar da humilhação que ela fez minha familia sofrer quando me expôs.

Também senti falta de Theo. Não é como se eu houvesse me apaixonado por ele, mas os homens, exceto meus irmãos, sempre estiveram em uma posição nada favorável diante meus olhos, foi Theo que me fez perceber que existem homens com um pingo de senso e inteligência.

Não me casaria com um, mas talvez eu teria me atrevido a conhecê-lo melhor se toda a confusão não tivesse acontecido. Pensando bem, talvez tenha sido melhor assim. Quanto mais próximos ficássemos, mais a reputação da minha família estaria em risco. Eu não ligo para minha reputação, nem para essas regras sociais absurdas que condenam as mulheres por tão pouco, mas minha família é tudo para mim e saber que uma ação minha poderia magoá-los ou destruir os sonhos românticos de minhas irmãs mais novas, parte meu coração. Por essa razão decidi que não farei nada que os desaponte. 

Às vezes eu passo horas olhando pela janela do meu quarto e imaginando o que Penelope está fazendo. O que estaríamos fazendo juntas.

Mas nem tudo é ruim, Anthony se casou com Kate Sharma ( agora Bridgerton), e me surpreendeu que ele conseguisse uma mulher de tão bom senso, ela é um refresco nessa sociedade fútil e superficial. Mas eles vivem em uma lua de mel sem fim que me faz questionar o que leva dois seres humanos a se trancarem no quarto por tantas horas, como quando estávamos em Aubrey Hall. Eu sei o que eles fazem, de tanto insistir acabei fazendo uma de minhas criadas me contar o que acontece depois do casamento e confesso que fiquei curiosa, mas saber que isso gera um bebê me apavora. Eu não tenho dom para ser mãe, crianças me deixam desconfortáveis. Quando meus sobrinhos, filhos da Daphne, chegam, eu realmente não sei o que fazer, onde colocá-los, como ninar ou alimentar. Não quero ter filhos, então não posso me engajar nessas tais atividades matrimoniais, embora pareçam muito agradáveis.

O problema é que minha mãe não compartilha da mesma opinião. Lady Violet Bridgerton está certa de que um dia irei me casar. Pobre mamãe, depois de tantos anos ainda não entendeu que eu estou fadada a ser uma solteirona? Não por falta de opção, na verdade, se eu fizesse algum esforço poderia atrair pretendentes aceitáveis, mas eu me recuso a me casar com esses homens de baixo intelecto que só procuram uma reprodutora para terem seus descendentes. Minha esperança é que enfim Francesca vai debutar, e ela com toda a feminilidade e beleza que tem vai se sair muito melhor que eu. Espero que ela arrume um marido e realize as expectativas da minha mãe. Estou certa de que o foco sairá de mim. 

É hora do chá, fui até a sala de estar onde estão minha mãe e Francesca falando sobre o início da temporada e a apresentação das debutantes. 

— Espero que a Francesca sacie seus anseios, mamãe.

Minha mãe segurou meus ombros carinhosamente. — Eloise, meu bem, não se esqueça que você ainda está em busca de um marido, mesmo que Francesca esteja debutando.

Com amor, EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora