Cap 8// Bom Dia Aquático

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× Blair Mitcalls ×

- Ei, Blair, se você se atrasar de novo, não vou te esperar desta vez. [...] Porra, já chamei ela um milhão de vezes e ela não acorda. Toda princesinha de dia e na hora de dormir parece um ogro, não acorda por nada. - escuto meu irmão resmungar um pouco distante.

Acho que esse é o bom dia especial dele de hoje. Que ótimo.

Tento abrir os olhos, mas quase desisto, só não desisto de verdade porque escuto uma pancada na minha porta, me fazendo soltar um grito de susto, na mesma hora.

- Blair! Se não levantar desta cama imediatamente, eu juro que vou aí, e vai ser pior se me deixar te acordar do meu jeitinho. - Henry diz, nervoso, parado na minha porta, com a mão nela, escancarando a pobre porta que não merecia tal brutalidade.

Quando vejo que era ele, apenas bufo e volto a me jogar em meu travesseiro, fechando os olhos. Nem me lembrei que hoje tem aula.

- Ah é?! Vai ser assim então? - Henry diz e espera por uma resposta minha, mas eu não me pronuncio. Ele não seria nem louco de fazer alguma coisa comigo à essas horas, eu acho pelo menos. Ele sabe que me acordar e ficar me irritando pela manhã é a pior coisa a se fazer. Ele só faz isso aos finais de semana porque eu durmo até mais tarde e não precisamos ir para a Universidade, então ele já acorda com o trem no coro e como geralmente ainda estou dormindo, o primeiro alvo dele na casa, sou eu.

Bom, na verdade, escuto seus passos vindo até mim com pressa, mas como não estou processando as coisas direito ainda, não faço nada, nem me dou o trabalho de abrir os olhos. Só não previa o que estava por vir.

Meu cobertor é puxado de mim de uma vez só, me fazendo abrir os olhos, confusa, e em seguida, sou retirada da minha cama de uma forma inesquecível. Henry me pega, me colocando encima do seu ombro, e sai do meu quarto em passos largos. Eu bato em suas costas e grito com ele, mas nada o faz me soltar. Ele desce as escadas comigo em seu ombro e sai de casa, passando pela porta de vidro da sala, que estava aberta.

Quando vejo o quintal de casa, os assoalhos de madeira no chão, os arbustos e árvores lá atrás, e ele caminhando em direção à nossa piscina, já imaginava qual seria meu destino, e é então quando começo a me desesperar mais, me agarrando em sua camiseta, o implorando para não fazer isso.

Bom, isso não o comove muito, porque sou retirada de seu ombro e jogada na piscina poucos segundos depois, sem dó nem piedade.

Sinto meu corpo afundando na água com a pressão que caí sobre ela, e o choque da água gelada em meu corpo me acordando totalmente. Abro meus olhos e movimento meus braços e pernas com mais força, para então subir à superfície de volta.

A piscina era funda e comprida, não tanto, mas o suficiente para meus olhos se perderem no azul completo de suas paredes e o peso e lentidão da água contribuírem com a gravidade da terra, me puxando cada vez mais para baixo, fazendo parecer que sou minúscula e indefesa ao meio disso tudo. Como se lutar para a minha sobrevivência fosse perda de tempo agora. Mas ainda bem que sei nadar. Não tão bem, mas sei.

As bolhas que saem da minha inspiração passam pelo meu rosto, ficando para trás, enquanto eu arrumo forças para nadar para cima. Chego enfim bem perto dos raios solares que atravessavam a planície da água, e impulsiono meu tronco para fora da água, conseguindo capturar oxigênio novamente, controlando minha respiração aos poucos.

Passo as mãos pelo meu rosto e cabelos, os penteando para trás com meus dedos. Algumas gotas de água pingam dos meus cílios e da ponta do meu nariz, e como estava com a boca entreaberta, degustava um pouco da água com cloro.

Olho para frente e vejo meu irmão entrando de volta em casa, sem mesmo olhar para trás. Jhonn está parado na sala, revezando entre olhar para mim e para Henry, enxugando um prato em suas mãos, com a boca entreaberta. Ele parecia tentar falar algo mas não saía nada de sua boca. Devia estar mais confuso e surpreso que eu.

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