Cap 17// Dia da Festa

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Saio do banheiro correndo e passo por Luke no meio do caminho, que provavelmente deve ter se surpreendido um pouco, mas não me viro para vê-lo.

Entro na sala de aula em que já deveria estar há minutos, e então vou em passos curtos e rápidos para a minha carteira, enfrentando alguns olhares julgadores sob mim.

O professor ainda não havia chegado, graças a Deus.

Após me sentar em minha cadeira e soltar um longo suspiro de alívio, vejo Luke passar pelas portas da sala, olhando já diretamente para mim, com aquele olhar carregado de sarcasmo e graça.

Reviro os olhos e Emy se vira para trás na mesma hora, com um sorrisinho no canto dos lábios. A mesma coloca meus livros encima da minha mesa.

- Acho que alguém acabou encontrando com alguém não muito desejado hoje hein... - ela comenta.

- É, eu deveria ter ficado com a bunda manchada e ter vindo direto pra sala mesmo. - falo, com um tom de tédio e desdém. Luke se senta ao meu lado bem na hora, mas provavelmente não escutou o que eu disse, já que falei em um tom baixo, por mais que não me importaria se ele tivesse escutado.

- Realmente não vão tentar fazer as pazes em momento algum? - Emy questiona.

- Nós tentamos ontem. Mas ele simplesmente não consegue agir como um ser humano normal. Já quebrou umas das regras hoje. - respondo.

- Regras? - ela indaga.

- É, ele propôs tentarmos ser amigos sem intrigas, e eu acabei concordando, achando que poderia funcionar. Declarei algumas regras, a respeito do meu espaço pessoal, mas já imaginava que não serviriam de nada. - explico.

- Talvez o que te resta seja aceitar que ele gosta de você e quem gosta de alguém não consegue agir normalmente. - Emy joga no ar, e ergue os ombros fazendo cara de dissimulada, se virando para frente em seguida, como quem não disse nada demais.

Apenas faço uma grande cara de tédio e tento ignorar o que ela disse.

O professor entra na sala.

Não olho pra cara dele durante a aula, evito fazer isso. Realmente não sei qual é a desse cara, mas de todas as alternativas, prefiro acreditar nas que não indicam que ele realmente gosta de mim.

Não faz sentido.

Por que eu?

E ele é estranho, me assusta as vezes.

Quero evitar aproximações, evitar sonhos.

"Mas você tem uma amizade em jogo."

Ah... Essa droga de amizade... Não sei o que é mais perda de tempo. Ele insistindo nisso ou eu entrando na onda pra não deixar ele "mal".

"E a forma como o corpo de vocês conversam um com o outro? Acha isso normal? Não vê que é recíproco?"

Cala a boca! Inferno...

Meus pensamentos dissipam como uma alavanca sendo puxada, assim que a caneta em que seguro é arrancada de mim, sem mais nem menos.

Me assusto um pouco, arregalando os olhos, e viro meu rosto lentamente para a direção em que a mesma foi puxada de mim.

E é óbvio, bem óbvio que estaria com Luke Foster.

A caneta permanece entre seus dedos, e ele a analisa atenciosamente, sem nem mesmo ligar pra minha existência o amaldiçoando ali do lado.

Antes de abrir a boca para proferir alguma maldição a ele de verdade, ligo os pontos e saco o porquê ele pegou minha caneta, assim do nada.

Merda.

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