Cap 6// Fim de Dia Estranho

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Bom, no fim, o sinal logo toca novamente, e temos que voltar para a sala outra vez.

Me sento na minha carteira e Emy na minha frente em seguida. Não demora muito e eu vejo o grupinho mais comentado dessa Universidade entrar na sala.

Luke passa por mim como quem não quer nada, porém, me dá uma olhada daquelas quando está prestes a sair da minha frente, com um pequeno sorriso tentando ser discreto. Seu azar são as covinhas das suas bochechas que não o favorece nessas horas. E que covinhas... Deixava seu sorriso mais insuportável ainda.

Viro meu rosto com o punho na frente do mesmo, assim que ele passa por mim me olhando desta forma. Sinto meu rosto esquentar. Espero que ele não tenha visto nenhum resquício de vergonha ou timidez em meu rosto, porque não pretendo confessar nada em momento algum.

A aula parece seguir tranquila e entediante desde então. Quando eu não estava anotando coisas aleatórias no caderno, estava conversando com Emy, ou estava viajando no mundo da lua. Geralmente o primeiro dia de aula só tem revisão de conteúdos do ano passado, então é meio chato.

Posso o sentir me fitando a aula inteira, mas não o olho para ter certeza disso. Confesso que me incomoda, mas não tenho coragem suficiente para tomar certas atitudes ou decisões. Não por enquanto.

Quando o sinal toca para irmos embora eu guardo minhas coisas tão rápido que sinto que sou o dublê do flash. O olho de canto antes de sair da sala e o vejo ainda parado, em pé, esperando seus amigos, e logicamente, olhando para mim, com um sorrisinho. Não sei se o acho estranho ou bizarro. Ainda não me decidi em qual dos dois níveis ele está.

Eu e Emy saímos da sala e nos despedimos lá fora, na grande calçada da Universidade. Ela segue seu caminho e eu o meu, agora sozinha.

Me sinto observada, e olho para trás, vendo vários grupos de pessoas andando juntas, mas nenhuma estava olhando para mim, porém claramente deveria ser alguém por ali, já que tem bastante gente aqui. Acho que não devo me preocupar.

Continuo meu caminho e quando encontro meu irmão me esperando, entro no seu carro e assim nós vamos de volta para casa.

O final da tarde foi normal. Eu apenas fiquei em casa jogada por algum canto. À noite, meus pais resolveram sair um pouco, acho que para ir ver uns amigos, e meu irmão foi junto, só pra encher o saco deles. Os três me chamaram, mas eu preferi ficar em casa atoa mesmo.

O primeiro dia de aula depois das férias foi mais estressante do que todos os outros dessa vez. Foi o mais... Estranho.

Lembro das cenas de Luke e eu naquele banheiro, e sinto meu ventre se contrair e uma vergonha tomar conta do meu corpo, fazendo meu rosto arder. Afundo uma almofada na minha cara e me encolho no sofá.

A sala era grande, e estava sem iluminação total. A única coisa que ainda a clareava um pouco é a luz da lua que atravessa a grande parede de vidro do cômodo.

Fecho os olhos por um momento, me aconchegando na almofada perto do meu rosto. Esses pensamentos não saem da minha cabeça, por algum motivo. Eles invadem a minha mente, e eu não consigo e talvez nem tente controlá-los agora.

Meu subconsciente viaja longe, lembrando do azul intenso dos seus olhos, focados apenas em mim, como se eu fosse a única garota deste mundo.

Lembro dos seus lábios lindamente desenhados, vermelhos e úmidos, e seu jeito implicante e sarcástico, fazendo minha mente me implorar para beijá-lo e acabar com toda a sua graça.

Suas mãos grandes, com veias saltadas e aparentes descendo dos braços até elas, os braços fortes, o apelido que ele me deu que até hoje eu não sei o significado, mas a forma como ele me chama daquilo é tão atraente, seu cabelo penteado para trás com uns fios sempre caindo e bagunçados, aquele terno o deixando mil vezes mais gostoso, o maxilar e o nariz também lindamente desenhados, a pele em um tom bonito, clara, mas ainda assim com um bronzeado ideal para ela, sua altura me fazendo sempre ter que olhar um pouco para cima, para vê-lo, sua voz macia, relaxante, e rouca às vezes, porra...

Sem perceber, aperto demais minhas pernas uma contra a outra, pensando em cada detalhe seu. Talvez ele me excitasse, por mais estranho que agisse. Deveria ser um pecado ser tão bonito e atraente assim. Imagino quantas garotas devem ficar de calcinha molhada por causa dele. Eu não quero ser uma delas. Mas...

Agora é tarde demais para querer voltar atrás, porque começo a imaginar coisas indecentes com ele, e daí em diante foi só ladeira a baixo.

E se ele estivesse encima de mim agora, nesse sofá? Como ele deve ser sem camisa? Como deve ser a pegada dele? Como deve ser a sensação de ter seus lábios na minha pele? Blair, pare, imediatamente!

Aperto meus olhos, me mechendo um pouco no sofá, tentando afastar tais pensamentos que eu sabia que não deveria ter; é errado, nem o conheço direito ainda, e até então já sei que ele é bem estranho e suspeito.

Eu consigo, quase consigo tirá-lo da minha cabeça, mas o pensamento dele no sofá, aqui, comigo, é tão intenso que parece até se tornar real, porque sinto um calor por cima de mim, sua respiração contra a minha boca, e seus dedos percorrendo a parte debaixo da minha coxa, da polpa da minha bunda descoberta pelo short que eu estava usando, até o meu joelho.

Minha boca se entreabre, meu corpo relaxa e há uma tensão maior entre as minhas pernas agora. Minha respiração começa a ficar ofegante, seus dedos descem do meu joelho até o peito do meu pé, e depois sobem de volta, mais rápido, entrando um pouco entre as minhas pernas, tocando o lado interno da minha coxa, chegando perto da minha virilha lentamente.

Quando eu começo a abrir calmamente as pernas, por vontade própria, e penso em levar minha mão até a sua, o toque some, o calor de um outro corpo sob o meu some, o som da sua respiração some, tudo some.

Abro os olhos de uma vez só, prendendo minha respiração. Levanto meu tronco, olhando aos arredores, e não vejo ninguém.

O que foi isso?! Não foi tudo um fruto da minha imaginação. Não, não pode ser, foi real demais! Caramba...

Me sento no sofá, não encontrando ninguém na sala, e coloco as mãos na minha cabeça, afundando meus dedos em meu cabelo, soltando então a respiração que eu estava prendendo. Penso um pouco mais sobre o que aconteceu, e chego a conclusão que provavelmente isso é uma peça de algum sonho que eu estava tendo. Eu dormi sem perceber, estava deitada por bastante tempo aqui, no escuro, sem fazer nada, é claro que isso ia acontecer.

Tendo chegado a essa conclusão no momento, levanto do sofá e caminho até às escadas. Seguro em um de seus corrimãos e subo calmamente os degraus.

Por um segundo, paro, sentindo que tem algo estranho no clima. Olho para trás, vendo a sala de novo, mas não há nada lá. Me sinto observada, e algo estranho demais aconteceu agora pouco, esse clima ainda está no ar, e a tensão em meu corpo só de lembrar dele e daquelas sensações que estava sentindo me faz sentir minhas bochechas queimando. Tento reprimir esses pensamentos e volto a subir os degraus, chegando até meu quarto, no começo do corredor.

Tomo um banho, relaxando na água morna da banheira com sais de banho, tentando esquecer de tudo aquilo e colocar na minha cabeça que foi só um sonho realista, nada mais. Pelo menos para não surtar.

Após o banho, coloco um pijama confortável e me jogo na minha cama. Meus pais e meu irmão vão demorar mais um pouco para chegar em casa, provavelmente, então já que não tenho nada mais para fazer, vou dormir. Parece que estou precisando descansar mesmo.

E como imaginado, não demora muito para eu pegar no sono.

Em Seus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora