Apesar do jantar ter corrido bem - aproveitaram o tempo juntos enquanto comiam os mais variados acompanhamentos junto às carnes oferecidas -, para Park Jimin, o auge da noite fora atingido no beijo trocado com Jeon Jungkook.
Não sabia dizer quando foi a última vez que se sentiu daquele jeito - se é que já se sentiu assim em algum momento de sua vida -, em outras palavras, estava nas nuvens. Ao longo da noite, enquanto conversavam e riam das piadas de péssimo gosto que Jungkook falava, sentia em seus lábios a textura dos do médico juntamente com a necessidade de uni-los outra vez, sentia o calor de Jeon em si, o acolhimento de seus braços.
Talvez fosse errado criar expectativas tão altas sobre o primeiro beijo que haviam trocado, mas era como se alguma coisa tivesse mudado em Park Jimin, como se uma antiga chama tivesse sido acendida por Jungkook. Queria se agarrar àquele sentimento, apesar de todo o receio que ainda nutria em seu cerne.
Voltaram para o carro de Jungkook logo após o jantar e aproveitaram o benefício da ausência de luz para se unirem outra vez em um ósculo, sendo iniciado por Jungkook, que puxou Jimin para perto pela nuca, guiando-o para os seus lábios. E não teve forças para resistir - e nem queria -, entregando-se novamente aos braços do médico enquanto os lábios moviam-se um sobre o outro e as línguas se exploravam curiosamente. Naquele instante só se separaram porque Jimin, mesmo contra a vontade, levou as mãos aos ombros de Jungkook para o afastar suavemente, mas não sem antes receber uma leve mordida no lábio inferior - cortesia do médico.
— Eu definitivamente não queria que a nossa noite terminasse, mas está ficando bem tarde... — Sussurrou para o outro, ainda um pouco incerto. Jungkook o observava com devoção, acariciando suavemente o rosto gordinho de Jimin com as costas do indicador. — O metrô já deve ter parado de circular...
— Quer dormir na minha casa? — Jungkook perguntou, e Jimin levantou os olhos para ele, em dúvida. — Eu te disse que moro perto, e não vou me incomodar em ter você comigo esta noite...
— Preciso alimentar o meu filho, Jungkook. Não quero que ele morra de fome e sozinho em casa. — O outro resmungou, e o médico uniu as sobrancelhas por uns poucos segundos até estalar os dedos.
— Ah, o gato! — O médico havia se esquecido completamente do temido felino, e teve que suspirar quando se lembrou do pesadelo que foi dividir o mesmo teto que Belial. — Certo... Então eu te levo até sua casa. Não vou deixar que pague uma fortuna em um táxi ou algo do tipo.
— Não precisa disso, eu tenho dinheiro.
— Mas eu quero. — Jungkook retrucou, já ligando o carro para dar a partida. — Que tipo de homem eu seria se simplesmente deixasse o cara que estou afim andando sozinho por aí no escuro? Não, vou te levar para casa, assim fico tranquilo.
Jimin não respondeu, pois estava processando as palavras do médico. Era normal para si fazer aquele tipo de coisa, e normalmente não esperava tanta atenção ou cuidado das outras pessoas. Havia aprendido a viver sozinho, solucionava os seus próprios problemas, o que o havia transformado em uma pessoa totalmente independente no quesito sobrevivência, apesar dos gastos exacerbados por conta disso.
Enquanto Jungkook dirigia ouvindo alguns álbuns do Scorpions, acomodou-se melhor no banco do carona, encarando a paisagem em movimento pela janela, que estava aberta, fazendo o vento correr pelo interior do carro, bagunçando seus cabelos e os de Jungkook, que assobiava ao ritmo de Wind of Change enquanto dirigia, acelerando pelas ruas de Busan. Park Jimin observava a quantidade de edifícios, os inúmeros apartamentos com janelas acesas, o baixo fluxo de carros pelo horário em que dirigiam, o céu estrelado acima deles com toda a sua imensidão misteriosa.
Em momentos assim, gostava de se questionar acerca da vida e do significado da existência, do quão insignificantes eram em comparação com a imensidão do universo e com o poder do tempo. Afinal, quantas pessoas haviam cruzado o mesmo caminho que estavam cruzando naquele momento e que já não estavam mais ali? Era certo que as pessoas de antigamente também tinham sonhos, tinham suas vontades e expectativas. Jimin se perguntava se haviam conseguido atingi-los em algum momento, se alcançaram aquele nível de felicidade plena que toda a humanidade busca, mas que poucos são capazes de alcançar.
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Círculo Vicioso {jikook}
Fiksi PenggemarPark Jimin é um adulto solitário que desistiu de aprender a viver e que foge de seus demônios com a ajuda da bebida para não encarar o mundo real. ATENÇÃO: CONTEÚDO SENSÍVEL. DEPRESSÃO E SUICÍDIO. Originalmente publicada em 01/10/2023