Capítulo 22

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Passar pelo menos o final do fim de semana com Jungkook valeu a pena. Tinha passado a noite na casa do médico, felizmente podendo dormir até mais tarde por poder chegar bem rápido no trabalho.

Não que estivesse se preocupando tanto com isso naquelas últimas horas. Na verdade, na medida em que os dias passavam, percebeu o quanto se sentia mais leve ao lado do médico, divertindo-se e sendo capaz de se distrair de seus males mentais, apesar de um ou outro deslize ainda acontecer de vez em quando.

Era bom estar com Jungkook, sentir-se amado e também ter a oportunidade de retribuir.

Mas então, quando estava distante, era bombardeado por aqueles pensamentos intrusivos mais uma vez, sobre sua incapacidade de se sentir plenamente feliz e satisfeito, a falta de interesse por todas as coisas. E isso o fazia se questionar: Até quando conseguiria se manter interessado por Jeon Jungkook?

Enquanto trabalhava, digitando freneticamente no teclado do notebook e elaborando as fórmulas necessárias para sua análise, sua mente insistia constantemente naquele ponto.

Quantas vezes Park Jimin perdeu o interesse e desistiu das coisas que gostava?

Mais vezes do que poderia contar nos dedos.

E por que com Jungkook seria diferente?

Não seria, era essa a mais simples e racional das respostas. Sabia que era questão de tempo, e que em um provável futuro, certamente estariam afastados um do outro. E, por mais que tentasse, não conseguia se desfazer daqueles pensamentos.

Jeon Jungkook de certo foi o melhor evento que aconteceu em toda a sua vida, e queria levar consigo essas boas memórias, apenas as boas, e não queria viver o suficiente para levar as memórias ruins.

Viver. Park Jimin já não sabia o que era viver há anos, e já havia desistido de tentar há muito tempo. Por vezes, a única coisa que ainda o mantinha vivo eram suas crenças torpes e o bem estar de sua família.

No entanto, sentia que havia chegado em um momento em que nem isso importava mais. Seus pais não sentiam suas dores e nunca entenderam ou buscaram entender ou ser compreensíveis com sua situação, a massacrante vida adulta que havia extinguido toda expectativa que fora plantada em si ao longo de sua vida, a rotina maçante no trabalho, o auto ódio. Estava cansado de tudo isso.

Ah, queria morrer! Mesmo que fosse pagar por isso do outro lado da vida - se existir um outro lado.

E no meio de todo esse turbilhão, tinha Jeon Jungkook. O homem que chegou tão de repente em sua vida e o fez conhecer tantos sentimentos novos, sentimentos bons, que o fez se sentir verdadeiramente amado. De certo, Jungkook ficaria devastado, ou pelo menos esperava que fosse ficar.

Não podia dizer que não o amava, que o que sentia não era genuíno. Mas apesar de todo esse sentimento e de finalmente ter alguém ao seu lado, ainda assim não era suficiente. Talvez o vazio em seu interior fosse grande demais para que outra pessoa pudesse preencher, e, também, não era como se Jeon Jungkook tivesse aquela obrigação. Era Park Jimin quem deveria batalhar contra os próprios demônios e se preencher sozinho. Mas já estava exausto demais para isso.

Em outras palavras, já tinha tomado a sua decisão.

E estava um pouco assustado, pois sabia que teria que lidar com a pior parte sozinho.

[...]

Aquela semana tinha sido tão atarefada que Jungkook sequer teve tempo de se encontrar com Jimin, tendo que se concentrar apenas com as trocas de mensagem recorrentes ao longo da semana. O que para si não era suficiente, afinal, ansiava por contato físico.

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