➤ Capítulo 5!

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📍Boston | 2017

Scarlett apareceu na casa do irmão assim que o dia clareou o suficiente. Comprou um copo cheio de café e sentou-se na poltrona da sala. Esperando que sua sobrinha acordasse do segundo sono do dia, formulando um discurso convincente.

Adrien tinha dito que Charlie levantou de madrugada no susto, sem saber onde estava e quase esquecida do próprio nome. Ela encarou o rosto raivoso do pai e encostou a cabeça na almofada, dormindo novamente. Claramente Charlie já sabia que alguma merda tinha acontecido, então aproveitou que estava derrotada para atrasar ainda mais seu destino. Mas uma hora ou outra, teria que levantar o cabelo embaraçado do sofá e enfrentar o puxão de orelha.

O irmão de Scarlett estava com a expressão fechada, tanto por preocupação quanto por raiva. Os olhos estavam bem abertos, mas as linhas escuras embaixo dos olhos comprovaram que o sujeito sequer tinha piscado direito. Ele havia pego a parte da manhã de folga do trabalho para cuidar da filha, coisa que não fazia há muito tempo.

A testa lisa de Charlie se enrugou, um sinal de que estava acordando do primeiro porre. E não que o problema fosse o porre, mas sim as condições em que ela tomou um porre. Os dois já tinham sido jovens, já sentiram a euforia de ficar bêbado de verdade pela primeira vez, de perder as estribeiras e fazer merdas. Porém, quando envolvia segurança, a coisa mudava de tom.

— Ai… — Charlie colocou a mão na cabeça, sentindo uma dor forte.

— De graças a Deus que é só a sua cabeça que está doendo — Scarlett empurrou um copo de água e um analgésico para ela, ficando de pé no processo.

— Melhor? — o pai a perguntou quando ela terminou o copo de água. Ele pegou a jarra no balcão e encheu novamente com a recusa — Beba.

— O que…? Pai, acho que vou vomitar de novo — ela avisou, colocando a mão na boca, como se isso fosse capaz de conter a ânsia subindo por sua garganta.

Scarlett pôs um balde na frente dela antes que o carpete sujasse da nojeira, suspirando ao ver o tanto de líquido que a garota tinha colocado para fora. Charlie abaixou o balde quando se deu por satisfeita, os lábios manchados do vômito e a pele mais pálida que o normal. 

— Está mal? — Scarlett disse, pondo o balde no chão. A sobrinha afirmou, limpando a boca na barra da camiseta e tirando o cabelo do rosto — Ótimo. Você usou alguma coisa?

Charlie finalmente abriu o analgésico e tomou com mais um copo de água cheio, evitando os olhos verdes da tia, que parecia cortá-la em três pedaços diferentes. Ver Scarlett agora era como ver uma personificação do que um dia foi sua mãe, até a postura era semelhante.

Ela prendeu o cabelo com uma xuxinha que estava em cima da mesinha de centro e tocou sua testa suada, apagando as imagens do que tinha vivenciado três anos atrás. Porque doía mais do que sentia saudade.

— Eu não usei nada — respondeu após um curto silêncio — Eu só… tomei algumas cervejas.

— Adrien, pode nos dar licença? Sei que o combinado seria que falaria primeiro, mas preciso ter uma conversa de mulher para mulher com sua filha. Vai ser melhor assim, acredite.

— E por que…

— Adrien. Por favor.

Ele assentiu e saiu, um pouco relutante de não poder escutar a conversa, porém confiando no que quer que seja que a irmã tinha pra dizer.

— Antes que comece a briga, eu não me lembro de tudo que aconteceu — Charlie resmungou, fechando os olhos com força.

— Briga? Você não vai rebater nada do que eu dizer, então não será uma briga — Scarlett disse, mais fria do que o Alasca — Vai manter essa matraca fechada e vai escutar exatamente tudo que eu disser com muita atenção e calada. 

Aprendendo com Sra.Johansson | EvanssonOnde histórias criam vida. Descubra agora