CAPÍTULO 10

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Um fechar de olhos é suficiente para Alana se antecipar e imaginar as dores causadas pelas garras do pássaro, mas o que ela escuta é um forte estrondo. Quando seus olhos se abrem, ela me vê ali parado com uma arma em posição de disparo.

Se antes tínhamos o automático desejo de fazermos tudo tendo a companhia um do outro, hoje estamos mais conectados num único objetivo. Ela levanta a arma junto ao ombro e corre na minha direção.

— Acho que o seu voo não é esse — digo, estendendo a mão.

— Pelo jeito, não vou precisar ensinar você a usá-la, como eu havia planejado — diz Alana, apontando para a arma.

— Não esquenta, eu também faço parte do seu fã-clube.

Ouvi muitas coisas a respeito da tal resistência global. Não sei o quanto é verdade ou mentira, mas o que eu soube até agora me fez admirar tal iniciativa. Eles são como heróis em busca de justiça e de uma vaga no Maps, e ainda conseguem esconder suas identidades. As sabotagens passam despercebidas em plena luz do dia ou na calada da noite.

— Vamos! Depressa! — diz Alana em tom de ordem, na tentativa de abafar os gemidos de dor.

— Ei, está tudo bem? — pergunto, levantando um pedaço rasgado da jaqueta de Alana, expondo o ferimento.

— Eles não vão parar até capturarem você — responde ela. — Se conseguirem jogar você desse vale, já é um lucro!

Ofereço apoio para a caminhada até o drone, mas Alana rejeita.

Entramos na nave com a mulher assumindo a cadeira de piloto ao meu lado.

— Essas pessoas vão ficar aqui sob ataque? — pergunta Kulina.

— Aquilo responde sua pergunta — rebate Alana, apontando para a nuvem de gaviões que se locomovem em uma nova formação.

— Eu sou o único alvo aqui! — exclamo, aceitando a situação que vem como um enxame a nossa frente.

— Veículos de resgate da Província logo vão chegar. Assim que decolarmos, não haverá nem um pássaro aqui — diz Alana, a fim de tranquilizar Kulina.

— Que tal um pouco de adrenalina? — digo, mirando o suporte fixado na traseira do drone.

— É um canhão - elétron! — afirma Alana. — Você sabe usar?

Meu sorriso cínico no canto da boca dispensa qualquer comentário, mas faz Alana expressar uma leve resposta de volta. Talvez ela saiba muito mais sobre mim, mesmo depois de tomarmos rumos diferentes, principalmente o fato de eu ter sido convocado pela VGP.

— Talvez exista um nome melhor para ela, mas tem um grande poder de destruição. A base do canhão é giratória, permitindo alcance em várias direções — explica Alana.

— Acho que vou querer brincar disso! — solto enquanto sento na poltrona. Para falar a verdade, eu já fiz isso várias vezes, mas usando os rústicos equipamentos da guarda provinciana. Um cinto de segurança na vertical se enrosca automaticamente sobre mim.

"O que andou aprontando o procurado Alex durante esse tempo?" É a pergunta que sai do olhar de Alana.

— Tem certeza disso? — pergunta ela.

— Faça o seu trabalho, garota! Deixe o resto comigo.

Kulina joga um olhar de desdém.

Assim que decolamos, as aves, em sincronia, formam um túnel em nossa direção. Alana deve ter passado muita confiança para que a enviassem para essa missão sozinha. Não haveria hora melhor para reencontrá-la. O seu olhar firme e suas mãos prontas para pressionar os comandos da nave me fazem acreditar que vou sair vivo deste lugar.

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