CAPÍTULO 21

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Cauã, Alana, Daug e Bill — todos se fixam co­mo memórias acusadoras na minha mente.

Todos estão sob minha proteção. Todos estão mortos.

Recuso-me a remoer culpa. Desamarro a camisa molhada da cintura e caminho em direção à minha tela.

Niara me acompanha com o olhar cheio de lágrimas.

Sem ter muito no que pensar, arrasto a figura com listras azuis e brancas ao mapa. O sinal verde toma conta da tela, indicando a jogada acertada.

Uruguay.

Caminho em direção à selva que preenche a ilha.

— Vai simplesmente entrar na selva? — pergunta Niara sob fortes suspiros.

A pergunta me faz parar, apenas por um instante.

— Não podemos fazer nada. Precisamos continuar. Arraste a figura com o franguinho no meio e vamos embora.

— Eu sei disso — exclama ela desconsolada.

Não muito longe da praia, uma larga entrada metálica pisca na selva. Uma caverna tecnológica. Uma ruína metálica. Uma herança de outro mundo, manipulada pelo Maps em plena selva amazônica.

Antes de entrar, olho para trás e vejo Niara cabisbaixa. Ela encara a enorme estrutura e paralisa o olhar na escuridão que nos aguarda lá dentro.

— A última jogada para um de nós — diz Niara antes de uma irônica risada. — Não acredito que me deixei levar por aqueles olhos esperançosos dos menos favorecidos da sua Província. Éramos a esperança mais segura deles; e agora, olhe para nós!

— Nem tudo está perdido — digo.

— O game over veio tão rápido e inevitável para Daug e Bill. Isso aqui não é normal. Acredita que vamos conseguir?

— Quando ultrapassar aquela muralha e se lembrar dos últimos momentos deles ainda com a gente, vai sentir que realmente foi a decisão certa? — pergunto à garota.

Niara exibe um olhar angustiante em direção à caverna.

— Você mesmo disse que provou seu valor e merece estar aqui — encorajo.

— Vamos logo com isso — diz Niara, entrando no breu depois da abertura.

A gigantesca estrutura de boas-vindas era apenas uma fachada. Uma parte se ilumina à nossa frente. Abaixo de nós, demarcações piscam e nos levam para baixo num túnel vertical. Vejo a silhueta tensa de Niara enquanto descemos pelo excêntrico elevador.

Estamos dentro de uma estrutura com paredes metálicas arredondadas. Sinto-me em um tonel. O espaço é grande o suficiente para ser preenchido por uma grande porção de água, a qual nos hipnotiza por sua forte cor azul brilhante.

Estamos numa plataforma lateral — um tipo de ponte apenas no lado onde nos encontramos. Uma corda robusta atravessa de um lado a outro acima da água. Os arredores estão ocupados por muita vegetação. Árvores cresceram além do esperado em estruturas de metal, para um local com iluminação precária. A pouca luz atravessa as copas das árvores e reflete na água. Acima de nós, muitas entradas cavernosas estão espalhadas pelas paredes.

Coberta por musgos e sujeira, uma inscrição chama minha atenção perto de uma das árvores.

Trypia.

— O que é aquilo? — pergunta Niara.

— Não soou muito familiar agora — reflito em voz alta.

Um nome que se fixa em nossas cabeças sem apresentar o mínimo de familiaridade.

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