CAPÍTULO 16 - ALEX

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Será a melhor parte aguardando a calmaria chegar? Ou sou lento até para dormir? Os garotos estão num profundo sono. Dagurasu se acalmou, mas tenta reagir fortemente ao seu passado. Alguma coisa explica essa timidez. Embora Niara e Bill estejam mais tranquilos, minha curiosidade sobre os três se intensifica.

Os representantes de suas Províncias. Que passado eles trouxeram para o Oeste?

Não sou único, muito menos especial. Certamente, eles estão revivendo memórias mais detalhadas, assim como as minhas ao longo dos anos.

Tudo aconteceu como se fosse ontem. Alana, Cauã e eu no Instituto. Ainda nem fechei os olhos e flashes aparecem como a castanha dentro do ouriço — algo mais profundo dentro de uma casca dura. Um passado mais distante ainda.

Tenho dúvidas sobre o que me pertence. Quem sou eu, de onde vim.

* * * * *

"Pense de uma forma mais realista, por favor, algo que renda dinheiro".

Escutava enquanto folheava os vastos oceanos. Apenas olhava, sem me preocupar com os dizeres.

Acabei me tornando um mergulhador profissional e oceanógrafo. Meu sonho era retornar à minha terra e criar algo significativo para melhorar a visibilidade nas águas turvas da região amazônica. Elas tinham um propósito. Algumas coisas ali dentro deveriam estar mesmo fora do alcance da vista de muitos, escondidas em águas turvas.

"Vamos levar Cauã para o campo de batalha?", perguntava Alana. Estava eu prestes a acabar antes que o próprio mundo. A doença me consumindo.

Ouro na Amazônia — o verdadeiro Eldorado. O conflito chegou ao Instituto. Cauã demonstrou uma incomum coragem. O garoto amante da cidade grande desejou ficar e proteger a tribo.

"Você não tem noção do que esse garoto encontrou!", falava eu para Alana.

"Ele não deveria ter saído sozinho por essa selva."

"Não há registros sobre essa tribo; ele fez uma descoberta que vai trazer consequências ruins."

Enquanto o mundo se definha, Cauã nos abraça e alerta para o que devemos fazer; nossa responsabilidade. Devemos proteger o que resta de nosso lar.

Nos embrenhando cada vez mais selva adentro, achávamos que a segurança demoraria a rachar.

Como a pororoca invadindo beiradas, a guerra chegou devastando tudo. O câncer me tirava as forças. Cauã implorava para que eu nunca desistisse de defender os mais frágeis — meu eterno ensinamento para aquele curumim.

Meu esforço além do normal causava um sorriso naquele rosto.

Na tribo, olhos assustados e corpos frágeis. A selva os alimentava. O que temos de diferente para sermos acolhidos? Somos humanos. Podemos ser mais selvagens e violentos do que qualquer outro.

A verdadeira Amazônia se esconde dentro dela mesma. Rio largo e cintilante vibrando energia ao toque da brisa. Folhas caindo de frondosas árvores que se curvam diante da escuridão do rio. Parece novo para mim.

"Ele" está na beira de um morro. Uma lança rústica em suas mãos. A vista daqui é de fazer chorar qualquer coração de pedra. Ele me olha fixamente enquanto aponta para além do braço de rio.

"O fim e o começo se encontram. Quem merece ou não, só o tempo dirá. Um teste para muitos, uma escolha para poucos. Independentemente dos vitoriosos, ela se manterá de pé. A selva vive. Apenas continue mostrando quem você é. Nunca deixe de ser humano."

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