Voltando ao que era... em partes

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No ônibus indo para casa, Welleson finalmente pegou seu celular, agora preparado para responder as perguntas entusiasmadas de sua amiga, mas ao notar que o número de mensagens duplicou, logo abriu a conversa, lendo calmamente tudo.
Começou com um bom dia e boa sorte e conforme ele não respondia, ela ficava impaciente cobrando informações e mais recente, super eufórica, estava o link de um vídeo numa rede social famosa entre eles e a mensagem dela: este é você? Não acredito!!!
O que será que aconteceu?
Começou a assistir e viu que era uma filmagem do auditório, onde o Coronel Almeida falava e então, Rosa entrava com Welleson no braço.
Pela primeira vez, ele se viu de um outro ângulo, não espelho, mas como se estivesse se vendo pelos olhos de outra pessoa e notou as diferenças que existiam entre ele e seu eu adulto.
Se não fosse a situação, teria se emocionado ao se ver jovem novamente, lembrando-se da época em que tinha essa idade e os questionamentos da vida inundavam sua cabeça, mas todos tão fúteis e nada importantes quando comparados ao da vida adulta.
Então ele se vê se soltando do aperto de Rosa e sua boca mexendo, mas como não estava de fone, não ouviu o que era dito, apesar de saber.
Percebeu o número de curtidas e de comentários e ficou surpreso por notar que eram vários. Abriu a aba para lê-los:
Uau.
Não acredito que ele contestou a Rosa!
Meu herói.
Esse tá morto na mão da Rosa kkkk
Vivi pra ver alguém cortar a Rosa na frente da escola toda e sair vivo.
Quem é essa lenda?
Ok... talvez a ideia de não chamar atenção não estivesse saindo conforme o planejado...

Quando chegou em casa, sua mãe pareceu surpresa, pois ainda não eram nem três horas da tarde.
-Welleson? Não me diga que foi expulso no primeiro dia de aula.
Ele tentou sorrir ao chegar, mas não conseguiu segurar a expressão depois da fala de Eliana e tirou os sapatos se apoiando na parede e tentando explicar calmamente que o primeiro dia não era tão normal.
-ah sim... Sua irmã saiu mais cedo para a faculdade e seu pai foi fazer uma entrevista – ela não transpareceu muita confiança para o filho – se eu soubesse tinha feito algo para você merendar, mas...
-não, tudo bem. Eu dou um jeito depois.
-Ah que bom! Então quando você for comprar pão, traga sabão em pó também.
Ela mal deu tempo para que ele respondesse e correu para o quarto.
Suspirou fundo.
Passou quase o resto da viagem de ônibus no telefone com Cybelle, que parecia mais ansiosa e eufórica que ele, perguntando cada mínimo detalhe e sempre querendo saber mais e mais. Ele gostou de se abrir com mais alguém, porém, ocultou a parte motivacional que teve com o policial Costa.
Queria que aquilo ficasse só com ele, mesmo sem saber o porquê.
Se preparou para tomar um banho e ao entrar no banheiro e se olhar no espelho, por mais que gostasse do rosto naturalmente mais fino e jovem, sentia-se incomodado com aquele cabelo.
Sempre o odiou.
Grande, rebelde e comum. Aquilo o deixava tão misturado na multidão que por tempos achou que aquele deveria ser seu lugar. Submisso e quieto como seus pais sempre lhe disseram que ele deveria ser.
Permitiu por muito tempo se deixar levar por esses pensamentos, até que começou com pequenos atos que por muitos eram considerados de rebeldia, mas para ele eram de libertação.
E pensando nisso, colocou sua roupa novamente e foi até o salão de beleza.

Tudo Que For Possível Fazer (Trilogia dos Desejos #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora