Blasfêmia contra a constituição

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Quando chegou à escola, no dia seguinte, percebeu que os olhares em sua direção multiplicaram e era quase impossível não ter um par de olhos sequer que não estivesse em sua direção.
Ele sabia que parte era devido aos acontecimentos de ontem, mas claro, não tinha como não olhar para o cabelo laranja vibrante que estava em sua cabeça.
Decidiu que sairia do tom mais escuro de ruivo que ele tinha antes e que agora, já que era adolescente, iria realizar seu sonho de quando tinha dezessete anos: pintar o cabelo de laranja como a Hayley Williams.
Antes que conseguisse chegar à escada para ir tomar café, uma mão que já até encaixava perfeitamente no braço de Wel o puxou rispidamente.
-o que pensa que está fazendo? Mas o que é isso?
Rosa parecia transtornada ao olhar para o aluno com um cabelo destoando dos demais. Ele podia jurar que se ele fosse filho dela, com certeza levaria uma boa surra devido ao fato da mão velha e grossa dela estar apertando com força.
-vou pedir que me solte – ele disse calmamente.
Ela bufou mais uma vez e então começou a empurrá-lo, chamando ainda mais atenção de todos que adoraram a cena.
Com certeza estavam tendo em dois dias de aula, mais ação que nos últimos três anos.
-já falei para me soltar – Welleson parou antes que eles saíssem da vista de todos e puxou seu braço, fazendo Rosa se desestabilizar – para onde está me levando?
-eu não sei quem você pensa que é pra achar que pode me desrespeitar dessa forma, mas garanto que não sairá impune dessa vez.
-eu é que não sei quem você pensa que é para achar que pode me tratar com um cachorro de rua, mas com certeza não deixarei que o faça. Me diga para onde quer que eu vá e eu irei.
A senhora estava tão incrédula com a situação que por uns três segundos apenas conseguiu mexer os lábios em uma tremedeira nervosa, tentando murmurar palavras que não saíam e Wel, com sua consciência pesando, decidiu intervir:
-Rosa, não quero que me trate como inimigo ou como criminoso. Por favor, se quer que eu vá à algum lugar me diga que irei. Não estou aqui para contestar suas ordens, mas por favor, não me trate com tanta arrogância.
-arrogância – ela desdenhou – hoje em dia vocês acham que podem tudo. Fazem e falam o que bem entendem, mas graças à Deus aqui as coisas não funcionam desse jeito e eu sou a encarregada de cortar suas asinhas.
-se não consegue entender, então é bom que se faça entender – ele chegou mais perto, o que deixou ela confusa já que provavelmente nenhum adolescente nunca foi tão longe com ela – não estou aqui para perder tempo com futilidades, se quer que eu vá a algum lugar me diga agora ou me deixe em paz para tomar meu café. Estou com fome – só que tecnicamente, ele não era um adolescente.
Ele disse tão rispidamente que ela quase cedeu, mas o olhar confuso da senhora logo se recompôs e ela, percebeu ele, estava prestes a atacá-lo, quando a secretaria simpática que recepcionou Wel no dia anterior, surgiu.
-gente, o que está acontecendo? – ela parecia nervosa e um pouco intimidada pelos olhares que todos estavam dando – isso aqui está causando mais atenção que o necessário.
-não lhe interessa, Barbara – Rosa cortou e tentou mais uma vez pegar o braço de Wel, que desviou inconformado com a forma que a inspetora se dirigiu a secretária.
-eu sei, mas não pode deixar isso ficar maior do que é.
-e desde quando você sabe algo, garota? Me ajude a levar esse indisciplinado para a sala do coronel Almeida é o que é.
E antes que alguém dissesse algo, o Policial Costa surge no local, acompanhado de mais outros dois policiais que pareciam conversar entre si de forma espontânea.
Perceberam o aglomerado e logo se dirigiram até o centro, onde questionaram o que estava acontecendo e logo Rosa explicou tudo de uma forma que Welleson achou extremamente exagerada.
-você! – um dos policiais dissera apontando para o aluno – venha conosco.
Disse isso e se virou sem esperar que o rapaz o seguisse, mas como ele ao menos não tentou levá-lo a força, Wel foi com ele, finalmente deixando os olhares de todos e entrando numa sala grande, cheia de sofás, mesas, uma televisão e geladeira.
O cheiro do café ali era forte e fez o estomago do garoto roncar.
-bom, agora que estamos num local mais privado, explique-se – o mesmo policial que assumiu a liderança perguntou para Wel.

Tudo Que For Possível Fazer (Trilogia dos Desejos #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora