No dia seguinte após encontrar Cybelle, Welleson foi a barbearia de sempre para retocar o vermelho de seus cabelos e enquanto sentia o senhor que sempre tratava seus fios muito bem, ficou pensando no quanto ele abriu mão da vida.
Agora mesmo, que ele já tinha quase seus trinta anos, ainda estava preso a seus pais.
Queria ter coragem de sair de casa, morar sozinho, achar alguém pra amar e quem sabe viverem juntos, mas não conseguia.
Seus pais dependiam muito dele. Do dinheiro dele.
Culpava-se por ter permitido tal coisa, sabendo que mesmo sendo exaustivo, era prazeroso sempre levar todos para viajar, comprar do melhor para comer, mas isso tornou todos muito dependentes e acomodados.
Seu pai, com toda sua postura jovial e nenhum cabelo branco nem ao menos parecia procurar um emprego e sua irmã, mais velha que ele, agora que decidiu terminar a primeira faculdade, sem ao menos ter carteira de trabalho.
Como poderia deixá-los sozinhos depois de deixá-los dependentes?
Achava irônico como hoje ele não tem problema com autoestima, não deixa uma pergunta sem resposta e muito menos baixa a cabeça para qualquer provocação, mas o que deveria ser fácil, que é conversar com seus pais, é basicamente um assunto totalmente difícil.
Chegou em casa com o cabelo brilhando em vermelho e sua mãe está na cozinha, fazendo o almoço contra sua vontade, pois odiava cozinhar.
-que teremos hoje? – ele pergunta sentando-se na mesa principal e pegando uma banana.
-frango cozido – ela ainda estava concentrada temperando o que estava na panela, até que ela olha pra ele – nunca vou me acostumar com esse seu cabelo. Preferia o preto.
-mas eu prefiro o vermelho – ele tentava não soar rude, mas odiava quando a mãe se intrometia assim.
Não conseguia entender como ela não via que ele se sentia mais bonito e feliz daquela forma. Era quase como se a felicidade dele não importasse. Será que ela era tão egoísta a ponto de condenar a vida do filho a uma eterna submissão cinza simplesmente para seu bel prazer?
Edilson, seu pai, sai do banheiro após um banho e se senta na mesa junto a Welleson, já pegando o celular:
-olha aqui, Welleson. Eu baixei esse aplicativo aqui que diz que dá pra ver filme de graça, é verdade?
Apesar de ainda não ter olhado, o filho sabia que o pai havia baixado algo que provavelmente iria encher o aparelho de vírus e ele não assistiria nada, mas ainda assim, olhou com paciência, tentando explicar que aquilo não era seguro.
-se quiser assistir filme, melhor usar somente os de streaming que pagamos.
-mas lá quase não tem filme nenhum.
-mas ao menos não rouba seus dados.
-não vão fazer isso.
-vai pensando – e com isso, se levantou para ir até o quarto.
Estava pensando em procurar alguma boate que estivesse funcionando na quarta à noite e com sorte, encontrou a perfeita: abria as 18 e fechava as 23. Só precisava encontrar alguém para ir com ele, já que Cybelle era completamente alérgica a festas.
Começou a procurar pelas redes sociais, mas não tinha muitos amigos e muito menos disponíveis para ir a uma festa no meio da semana.
A diferença da vida adolescente para a adulta: início de fevereiro e ainda assim adultos não estão de férias. Continuam trabalhando duro sem parar, se contentando com apenas um mês do ano para descansar.
Passou a tarde deitado, já desistindo da ideia de sair, mas como um golpe de sorte, um antigo colega de trabalho respondeu sua mensagem dizendo estar disponível.
A animação que estava quase se esvaindo logo voltou e ele combinou de se encontrar com esse colega as 17:30 perto de onde era festa, para lancharem e então irem até o local.
Não tinha muito tempo e logo começou a se arrumar, perguntando-se se deveria mesmo fazer isso, já que Bruno, o colega, era porque não um pouco mais que isso? Existia um clima ali, sempre existiu e não sabia se ele havia concordado em sair apenas por causa disso.
Achando que talvez estariam tendo algum tipo de encontro.
Torceu para que não e subiu em sua moto para ir até ele.
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Tudo Que For Possível Fazer (Trilogia dos Desejos #2)
Teen FictionWeleson Paixão só percebeu que sua vida estava estagnada e deprimente quando desejou ter dezessete anos novamente para tentar mudar o que deu errado. O que ele não esperava, é que o Universo fosse atender seu pedido e agora, no seu corpo adolescente...