Página 21|Biscoitos de gato

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Voltando um pouco no tempo, quando Asta era alguns centímetros menor e tinha apenas 9 anos de vida.

Pouco mais de meia hora atrás ele e Vanessa descobriram um local novo, um tal de mercado negro que Yami costumava visitar com frequência.

A bruxa, em tese, era uma adulta, podia fazer as próprias escolhas, então não existiam problemas por ela estar ali.

Mas o autoproclamado elfo não, o fato de ele estar ali não passava de um grande ato de irresponsabilidade por parte do capitão, o qual afirmou não ter problema desde que ficassem todos juntos.

A ideia inicial era ficarem perto uns dos outros, todavia, como geralmente acontece, eles se separaram. Por isso o grisalho, totalmente coberto por um sobretudo grande até demais, caminhava apressadamente por uma rua quase deserta em busca de alguém que parecesse ser minimamente confiável.

Ele queria, e muito, se sentar e abraçar as próprias pernas para chorar e implorar para que a mãe viesse o buscar, o abraçar e o tirar dali. Entretanto, ele não era e nunca foi esse tipo de criança, quer dizer, ele sabia lutar, tinha um grimório e desde o nascimento era mais forte do que outras pessoas da mesma idade, sentar e chorar seria uma grande vergonha, por isso ele permanecia firme e forte.

De repente, caiu após tropeçar em uma pedra.

A queda o proporcionou alguns ferimentos, como arranhões nos joelhos, nos braços, mãos e testa. Todos estavam vermelhos como se ameaçassem derramar sangue, mas não passava de 3 o número dos que realmente o faziam.

Asta podia ser forte e ter passado por muita coisa, mas estava cansado, perdido e ainda nem tinha completado uma dezena de idade. Lágrimas finas escorreram pelas bochechas e os lábios tremeram em resposta a ardência nos membros afetados.

Apesar de tudo ele se levantou, fungando com o rosto emburrado. Tinha que continuar a procurar pelos touros negros, se não as coisas poderiam ficar complicadas.

Ao se erguer notou uma placa acima da própria cabeça, "Forno da vovó" estava talhado no objeto de madeira escura. O nome lhe trouxe uma sensação de segurança e conforto, ao contrário de todos os outros imóveis por onde passou, por isso não teve medo de se aproximar.

Abriu minimamente a porta para espiar o interior e sentiu uma onda de calor o atingir, pensou que talvez a parte do "forno" no nome indicasse que o local em si era um grande forno. Estava tudo escuro, então empurrou um pouco mais a porta e levou um susto quando o tilintar de um sino quebrou o silêncio do cômodo e tomou conta.

Se a pergunta era o que fazer, as principais respostas não passavam de duas : Fugir e talvez se perder um pouco mais ou entrar e conseguir informações (ou, quem sabe, ser sequestrado, mutilado, vendido, abusado, assassinado, torturado, o problema é que as adições valem para as duas possíveis escolhas).

Dadas as circunstâncias, ele decidiu entrar, afinal se os riscos eram os mesmos para qualquer escolha era melhor ir na que parecesse mais vantajosa.

Assim que pôs os dois pés para dentro, fechou a porta atrás de si e colou as costas nela. A temperatura era intensa, o fez começar a suar em segundos. Encarou com olhos um tanto arregalados o balcão logo a frente e engoliu a seco quando uma porta logo atrás deu indícios de que seria aberta.

Entretanto, atrás dela não havia nada além de uma idosa fofinha e gordinha, provavelmente era a dona do lugar.

Tinha cabelos grisalhos, antigamente negros, olhos azuis e a pele num tom de verde oliva. As roupas eram surradas e não incomuns. Somente o olhar dizia muito sobre ela, era como se gritasse "tome cuidado com o que diz".

O último descendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora