Página 9|Recomeço

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Que todos naquele local, rodado por árvores como pinheiros, estavam de bocas abertas formando círculos tão redondos quanto os próprios olhos que se arregalaram em segundos era fato, alguns o tentavam esconder, entretanto, dada a situação, isto não ajudaria em muitas coisas. Alguns se perguntavam quem era, ou oque era, aquele ser do tamanho de uma criança de cinco anos que soltara tantas faíscas de luz ao redor de si que conseguia iluminar cada face surpresa e um pouco mais sem ao menos utilizar mana.

Os capitães se olharam em busca de uma resposta no rosto do outro, porém nada foi encontrado. Então, oque fariam a seguir era a pergunta que os lábios desejavam soltar, que as mãos de cada um desejavam indicar, que o orgulho da águia prenderia até o fim dentro de si.

Por fim, a decisão que deveriam tomar chegou assim que os olhos de ametista do dourado se encontraram com os castanhos do touro; deveriam levar aquele garoto até o mago imperador, ou até o homem que chamavam de ajudante do primeiro citado, eles, provavelmente, saberiam oque fazer, ou pelo menos teriam alguma idéia. Talvez o ajudante de cabelos azulados obtivesse uma boa, enquanto o homem loiro que o reino tanto adorava teria dito algo tolo no começo e depois diria algo um tanto absurdo na opinião de muitos.

Para que Asta, a criança em questão, aceitasse ser levado condições foram postas, por isso ninguém poderia chegar muito perto dele ou contar para onde estariam indo, afinal lá havia um vasto número de pessoas e se o garoto soubesse era possível que ele não fosse.

Poucos segundos antes do capitão mais novo dali subir em uma vassoura, a qual lhe pertencia a anos, o mesmo percebeu que haviam esquecido de um assunto possuidor de extrema importância.

⎯⎯ Onde está a sua família, Asta?

O garoto, este que havia construído uma bola de água recheada por mais do mesmo líquido que de alguma forma flutuava, o direcionou um olhar confuso e surpreso, não poderia contar pois não queria voltar, depois de tudo alguma coisa daria errado e ele tinha certeza.

⎯⎯ Eu.... Eles.... ⎯⎯ Suor passou a descer pelas bochechas já não tão pálidas quanto eram antes do acinzentado, agora ele era outro dos que se perguntavam oque faria agora. O menino nunca fora do tipo que costumava mentir, não tanto quanto estava fazendo nos últimos mesês, mesmo quando fazia algo errado, porque sabia que diante dos olhos amarelos e atentos do irmão de criação nenhuma palavra dita com a mínima gota de falsidade passaria despercebida. ⎯⎯ Eles... Eles me abandonaram...

Certamente não fora uma mentira, todavia não poderia chegar tão perto da verdade quanto o homem mascarado desejava.

⎯⎯ Eu sinto muito.. ⎯⎯ O homem disse poucos segundos depois, após um curto analisar da situação do menino.

⎯⎯ Tá tudo bem... Já faz muito, muito tempo.

A noite pendurava por toda clover estrelas reluzentes, algumas escapavam das mãos da escuridão e desapareciam em algum lugar perto da terra deichando para trás minúsculos pedaços de si mesmas impossíveis de se ver com olhos desnudos. O vento gélido sussurava palavras para quem conseguisse ouvir da maneira correta, entretanto, os magos que voavam em vassouras a caminho da capital do reino em que estavam não eram esse tipo de gente.

Liderando o grupo, assim como estivera fazendo desde o começo de toda aquela missão, um homem que muitos diziam ter o espírito de uma águia dentro de si sobrevoava árvores enormes sem qualquer expressão facial além de pura indiferença, estava um tanto incomodado com a presença daquela criança que flutuava sobre uma esfera de água, em parte por ela não estar nos planos que fez. Logo atrás vinham alguns cavaleiros, a maioria pertencia ao esquadrão do homem com cabelos platinados, dois deles eram do grupo feito pelo mascarado, enquanto os do moreno estavam como ele mesmo dizia "vagabundeando por ai" , e por último vinham os outros dois líderes com uma criança a alguns metros de distância deles. Nenhum dos capitães que vinham atrás dirigiu sequer uma unica palavra para o outro em momento algum, um deles estava apenas aproveitando a companhia do amigo, algo que já não fazia desde que começou o próprio esquadrão de cavaleiros. Era um trabalho importante e que normalmente consumia todo tempo que os capitães possuíam, talvez não tanto o do homem cheio de músculos exagerados, mas com certeza o do de olhos roxos que desejava ser dono do melhor dos esquadrões.

O último descendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora