Página 11|Voltando as raízes

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Enquanto Hage estava a ser agraciada com inúmeros fios de luz vindos do sol, algo flutuava pouco acima das nuvens brancas como algodão, talvez um pássaro, certamente que era, todavia, qualquer um que visse se perguntaria quando pássaros começaram a serem feitos de água, era fato que muitas criaturas mágicas existiam e uma inteiramente de água deveria apenas ser um tanto mais rara. Acima do animal estava um garoto, de cabelos grisalhos, que deveriam ser feitos de pedra para ficarem naquela posição engraçada, e olhos verdes como as esmeraldas que carregava nas orelhas, as quais eram meio pontudas, a pele do menino antes era clara como neve e agora, após muito tempo debaixo do sol, estava mais escura, as vestes dele eram simples, uma camiseta branca comum com um colete de couro um pouco grande para si em cima, as calças eram negras e os sapatos que ele usava eram marrons e se estendiam até o joelho, na cintura estava um cinto com uma bolsa para grimórios no lado direito, no lado esquerdo ficava uma bainha preenchida pela katana dona de si, e, por fim, nas costas carregava uma bolsa grande preenchida por comida e poucas roupas, o tal era Asta, que voava o mais alto que podia para impedir a si mesmo de ver aquela cidade, já o pássaro, era apenas um feitiço que recebeu tanta vida que acabou se tornando um ser consciente, ele recebeu o nome de Toritaro.

O grisalho sentia uma brisa fraca vindo contra si, era uma sensação incrivelmente boa e não importava quantas vezes passasse por aquilo, era sempre um enorme deleite que poderia aproveitar com os olhos entregues a escuridão toda vez, já que confiava piamente em Tori, como apelidou o animal para facilitar as coisas. Estavam indo em direção à uma clareira que ficava a uma hora de Hage, indo ver alguém, ou melhor, duas pessoas, não espere, na verdade a espécie de um deles não era humana, era demoníaca, em resumo, Lícita e Liebe, os quais a muito não eram vistos pelo garoto.

O acinzentado tinha certeza de que quando chegasse levaria uma bela bronca dos parentes, claro que só depois de receber um abraço apertado, a ideia fazia com que um sorriso curto se formasse no rosto de quem imaginava aquilo.

⎯⎯ Você não se cansou ainda, Toritaro? ⎯⎯ O garoto perguntou, colocando a palma da mão ao lado da cabeça líquida do pássaro, que soltou um barulho comum entre pássaros, como se dissesse que ainda poderia aguentar mais alguns quilômetros. ⎯⎯ Que bom! ⎯⎯ Aquele ser poderia até mesmo ainda ser um feitiço comum, que o dono dele teria o questionado da mesma forma, aparentemente a empatia de alguém se torna maior quando a coisa em questão tem uma forma mais... Viva, por assim dizer.

Vários metros mais tarde, finalmente foi possível ver a cabana que estava a ser procurada, de onde o garoto dos olhos esverdeados estava não poderia ver alguém, possivelmente estavam dentro de casa. Quanto mais perto chegava, mais conseguia perceber o Ki do irmão mais velho, estava fraco, como se algo barrasse a percepção do garoto, já o da mãe ele não sentia, provavelmente ela estava em outro lugar, ou algo do tipo.

Ao invés de pedir ao pássaro que descesse em um espaço livre de árvores, Asta preferiu descer um pouco longe da clareira, queria ser discreto e no fim dar um pequeno susto no demônio.

⎯⎯ Acho que aqui está bom. ⎯⎯ Apontou para um pequeno espaço entre as árvores onde Tori conseguiria entrar, entretanto, pousar não seria tão fácil.

Com dificuldade o pássaro adentrou o local, quase não cabia ali, por não conseguir usar as asas teve de pular de galho em galho até chegar ao chão, e quando chegou, começou a reclamar com quem o criou, o qual não entendia nada do que era dito, apenas o contexto.

⎯⎯ Desculpa, eu não pensei direito. ⎯⎯ O animal revirou olhos, como se dissesse algo em deboche, como "Ah, não me diga", passar tanto tempo com aquele ser permitiu que o adolescente entendesse o'que o outro quis falar. ⎯⎯ Você age como se fosse mais esperto. ⎯⎯ O pássaro teria erguido uma das sobrancelhas, indicando que sim, que ele era mais inteligente, se pudesse ele o faria com prazer. ⎯⎯ Vamos logo, eu tenho mais o'que fazer ao invés de discutir com um passarinho.

O último descendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora