Página 8|Caminho até o touro

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Asta encarava a capa que ainda brilhava no mesmo tom de branco com que fora tingida, ele estava em um estado que o imposibiltava de se mecher ou pensar em algo que não fosse a dona de toda aquela luz, ter recebido aquilo era com certeza o maior motivo para se encontrar daquele jeito, crianças daquela idade nunca poderiam adquirir um grimório, mesmo Yuno que possuía tanta mana quanto um adolescente com idade o suficiente para ganhar um. Qualquer um poderia duvidar da verdade, entretanto o grisalho nunca seria um deles, afinal estar ali sozinho não era o único motivo para ter certeza de que era o dono daquele livro estranho, ele sentia uma certa conexão com aquilo e lhe era o suficiente. Com isso, possivelmente mais tarde poderia mostrar a todos que não era alguém ruim ou inútil.

O motivo para o livro ainda brilhar era que o mesmo estava a procurar por uma única página, haviam tantas que estava demorando, pareciam haver mais folhas do que o acinzentado viu adentrarem ali, e possivelmente não era apenas uma hipótese. Quando ficaram quietas, uma folha com algo escrito deixou a linha em que as outras giravam e ficou a frente do garoto de olhos verdes.

⎯⎯ Magia de criação de Luz: Esferas reluzentes? ⎯⎯ Leu como se fizesse uma pergunta, afinal não sabia qual seria o motivo para um feitiço de luz estar no grimório de alguém que aparentemente usava magia de planta.

O brilho amarelado que a página emanava criou uma ponta arrendondada, como um caroço, o qual logo se tornou maior e se separou da página, e começou a flutuar a frente do rosto do menino das orelhas estranhas. Novamente todo o local estava iluminado.

Derrepente, a coisa que dava luz ao local se dirigiu rapidamente a uma das paredes dali, em causa da iluminação era possivel ver que naquele parede estavam duas portas enormes de madeira que antes não foram notadas, as quais foram abertas pela esfera de pura luz que se dissipou no mesmo instante.

Do lado de fora uma floresta enfeitava o terreno junto de flores e coisas do tipo, o acinzentado se perguntava como aquilo poderia ser possível, já que pensava estar sob camadas de terra. A folha que estava a frente do rosto do menino voltou para o lugar em que antes ficava, então, as páginas se dividiram em dois grupos, cada um entrou por um dos pequenos portais da capa que sumiram quando souberam que não seriam mais necessários.

Ainda com certo receio o garoto segurou a capa, retirou os brincos dos pequenos buracos e caminhou até estar fora do que pensava ser uma torre de grimórios, e se surpreendeu ao ver que não havia nada além do azul pacífico do céu a cima da própria cabeça. Quando olhou para trás percebeu que tal torre estava dentro de uma enorme parede de terra com apenas a parte da frente podendo ser vista, pelo que parecia a parede em questão era uma das partes externas da ravina em que havia caído.

Com as dúvidas saindo da cabeça do garoto, após terem sido minimamente saciadas, os lugares agora vazios da mente dele começaram a se preencher com lembranças de acontecimentos não mais tão recentes quanto pareciam ser.

Rapidamente analisou a situação em que estava e produziu um simples relatório mental para si mesmo: Estava perdido em meio a uma floresta, os moradores da pequena igreja de Hage provavelmente pensam que ele está morto e a mãe dele junto de Liebe devem estar extremamente preocupados, já um certo moreno, bem, ele deve estar com raiva, ou algo parecido, do garoto de estatura baixa.

Asta inspirou uma alta quantidade de ar lentamente, o máximo que os pulmões suportavam, e soltou da mesma forma pela boca. Tentou ao máximo se livrar daquelas imagens que o atormentavam, entretanto a face do irmão de consideração não se deichou sair dali, era como uma parasita que se alimentava cada vez mais da sanidade que restou no pequeno elfo.

Com a intenção de se esquivar de tais lembranças o garoto começou a andar para nenhum lugar em específico, apenas para frente, para o lado contrário de onde a casa em que agora já não mais repousaria durante a noite ficava.

O último descendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora