Página 5|O demônio

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Mesês haviam se passado como minutos para Asta. Agora o grisalho e Yuno ⎯ o qual não gostava do fato de o garoto da, suposta, magia de planta ter começado a chamar a si mesmo de "o irmão mais velho" ⎯ tinham seus seis anos e um melhor controle sobre aquilo que chamavam de mana.

⎯⎯ Eu não deveria confiar em você quando me chama para fazer esse tipo de coisa... ⎯⎯ Declarou enquanto retirava alguns galhos do próprio cabelo, que praticamente não havia mudado sequer um fio durante todo o tempo que se passou, ainda possuía aquela elevação, como se algum tipo de vendaval houvesse passado por ali. A fala do moreno acabou por levar a face do mais baixo a se contorcer em pura indignação.

Por mais tolo que se houvesse chance de parecer, oque fora dito pelo moreno não chegou apenas aos ouvidos do acinzentado, como também ao coração do mesmo, ainda que o fato que os levou a tal situação fosse algo de extrema imbecibilidade. Afinal, o pequeno mago de magia de vento era a pessoa pela qual Asta possuía um número avantajado de afeição, maior do que sentia por qualquer outro, e por mais pequenas que fossem, qualquer tipo de ofença do tipo que saísse da boca do garoto mais alto se referindo ao menor, era como uma flecha que o atingia sem misericórdia


O garoto dos olhos verdes encarou o outro por segundos antes de dar as costas para ele, com os braços cruzados sobre o peito e um rosto zangado, silêncio costumava ser a melhor vingança do garoto contra Yuno, que antes até mesmo chorava.

O moreno não tardou em perceber oque o outro estava a fazer.

⎯⎯ Isso não funciona mais comigo! ⎯⎯ Exclamou entrelaçando os braços uns nos outros enquanto inflava as bochechas, na tentativa de esconder a mentira que nem mesmo ele havia notado que existia nas palavras que disse. O outro apenas ignorou, sabendo que uma hora ou outra o garoto de olhos cor de mel iria ceder.

O maior poderia ao menos jurar que tentou, porém, acabou por ceder a provocação do outro dizendo, quase em um grito, que confiava no menor de qualquer forma.

⎯⎯ Ótimo! ⎯⎯ Falou sorrindo por ter chegado ao resultado que queria. ⎯⎯ Então, vem comigo! ⎯⎯ Segurou com força a mão do outro e começou a levá-lo para algum local dentro da igreja onde moravam, para buscar algo.

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⎯⎯ Tô quaaaseee. ⎯⎯ Disse o garoto dos brincos, esticando ao máximo o próprio braço tentando pegar algo que havia ganhado de presente a alguns dias após ajudar em uma plantação, já os pés se encontravam sobre os ombros de Yuno, que segurava as pernas do acinzentado com força.

⎯⎯ Vai logo! Eu não vou aguentar por muito mais tempo. ⎯⎯ As pernas do garoto tremiam, algumas vezes até mesmo acabavam indo para os lados e quase os fazendo cair no chão do pequeno sótão.

⎯⎯ Peguei!! ⎯⎯ Exclamou animado, jogando o corpo para trás esquecendo das possíveis consequências, como cair, que foi oque aconteceu após o garoto taxado de mais novo perder o equilíbrio nas pernas , por sorte não houveram ferimentos, apenas dor. Um livro que estava ao lado da caixa caiu junto por ter sido empurrado, a capa indicava que se tratava de uma história infantil sobre princesas, possivelmente por pura coincidência o mesmo se abriu em uma página, em sua maioria composta por gravuras, em que a personagem principal conhecia um elfo que a ajudaria em parte da jornada pela qual havia se comprometido a chegar até o fim.

Enquanto o moreno reclamava sobre a queda recente, Asta encarava o livro com a mão sobre uma das orelhas. O menor havia se identificado com o aquele ser chamado de fictício, as orelhas dele eram pontudas assim como as dele, mesmo que as pontas das orelhas do menino não fossem tão grandes quanto às daquele ser, aquilo lhe trouxe certo conforto, em saber que os ouvidos pontudos que possuía não eram algum tipo de erro na formação, apenas um aviso de que ele não era um humano comum.

O último descendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora